Em Setúbal, numa visita ao Mercado do Livramento, o cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, disse ser “uma coincidência feliz” o Governo apresentar o plano de emergência para a saúde, num dia em que ouviu queixas sobre a falta de médicos de família.
“Não deixa de ser uma coincidência feliz que o Governo da AD apresente hoje o plano de emergência da saúde para que estas pessoas, que precisam tanto de respostas, finalmente as tenham”, afirmou Sebastião Bugalho aos jornalistas, durante a visita ao mercado.
Convicto de que o plano apresentado pelo Governo vai resolver os problemas do SNS, Bugalho disse não ter dúvidas: “Eu não acredito, tenho a certeza”.
Mais suave nas criticas, o cabeça de lista da IL, João Cotrim de Figueiredo, criticou a falta de ambição do plano, considerando que não vai "suficientemente longe" na redução das listas de espera e atribuição de mais médicos de família.
No final de uma visita a um 'stand' automóvel em Gondomar, no distrito do Porto, e sublinhando que este tema é de política nacional e não europeia, João Cotrim de Figueiredo afirmou, ainda assim, que as medidas apresentadas na saúde pela AD são "apenas medidas de emergência".
Em declarações aos jornalistas após ter visitado o Museu Nacional Resistência e Liberdade, na fortaleza de Peniche, João Oliveira considerou que, no plano hoje apresentado, “há uma clara desconsideração por parte do Governo de questões que são absolutamente essenciais para que todos os cidadãos em Portugal tenham o mesmo acesso à saúde”.
“O Governo despreza completamente a necessidade de reforçar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), desde logo com um aspeto que é absolutamente crítico: nós precisamos de médicos, de enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, assistentes técnicos, auxiliares de ação médica”, afirmou.
O candidato acrescentou que Portugal pode ter “hospitais, centros de saúde e equipamentos”, mas, “se não tiver profissionais de saúde", não conseguirá “dar a resposta que é preciso garantir a todos os cidadãos em condições de igualdade”.
“O Governo despreza em absoluto a resposta que é preciso dar para garantir profissionais de saúde em número e em condições de trabalho e de valorização das suas carreiras adequadas às necessidades” da população, reforçou.
Por outro lado, o cabeça de lista da CDU considerou que o Governo fez também “uma clara opção pela transformação do SNS numa espécie de agência para o negócio privado que os grupos económicos vão fazendo com a doença”.
João Oliveira defendeu que isso se vê “não apenas pela falta de resposta e de capacidade do SNS a que o Governo se acomoda”, mas também porque transforma o SNS numa “espécie de porta de entrada para os utentes depois serem encaminhados” para os privados.
O candidato referiu que há estudos de organizações científicas internacionais que apontam que são necessários cerca de dois mil psicólogos no SNS, enquanto o Governo “diz que vai contratar 100”, e salientou que abrir um concurso com 900 vagas para médicos de família também não vai responder à carestia que se verifica atualmente.
“Em concursos anteriores, inclusivamente em concursos em que foram abertas vagas desta mesma dimensão, muitas delas ficaram desertas, porque há zonas do país para as quais os médicos não querem ir e que exigem outro tipo de resposta”, afirmou.
Para João Oliveira, o plano “não é de quem está a querer investir no SNS”.
“É um Governo que está a procurar criar campo para o negócio privado da doença, não é um Governo que esteja preocupado em garantir a todos os cidadãos condições de igualdade”, acusou.
A porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês Sousa Real, afirmou hoje recear que o Governo deixe para os privados as soluções sobre os problemas do país na área da saúde.
“Esperava mais. Não podemos cuidar da saúde com paliativos. Precisamos de ter, efetivamente, uma intervenção de maior valorização das carreiras e o plano apresentado por Luís Montenegro continua a não ter a valorização das carreiras dos médicos e dos enfermeiros", afirmou Inês Sousa Real.
Para Sousa Real, o Governo de Luís Montenegro "deixa apenas para os privados as soluções dos problemas de saúde do país”.
A porta-voz do PAN, que falava em Ponte de Lima numa ação de campanha para as eleições europeias, alertou que os problemas do interior do país são diferentes dos do litoral.
“Sabemos que os privados não vão dar a resposta que só o Serviço Nacional de Saúde (SNS) poderá dar para a nossa saúde em Portugal”, sublinhou.
Para Inês Sousa Real, o facto de “a valorização das carreiras ter ficado fora do Plano de Emergência da Saúde, hoje apresentado pelo Governo, continue a afastar os profissionais de saúde do SNS”.
“Precisamos de manter o nosso talento, nos jovens médicos, enfermeiros, auxiliares de saúde e de diagnóstico e isso só se fará com a valorização das carreiras, privilegiando a exclusividade, mas com benefícios. Não podemos continuar a dizer aos jovens que o seu único futuro é no estrangeiro”, sublinhou.
Defendeu ainda “mais diálogo com a Ordem dos Médicos, ao nível das especialidades, mas também ao nível das equiparações no âmbito da União Europeia”.
Segundo Inês Sousa Real, “a par da valorização das carreiras que tinha necessariamente de acontecer, saudamos a criação da linha de urgência para obstetrícia, mas considerou que o Governo “continua por não dizer o que vai ser feito para combater a violência obstétrica que existe”.
O porta-voz do PAN congratulou-se com o reforço dos psicólogos no SNS, medida que disse que o partido “há muito vinha reivindicando”.
“Mas, precisamos de mais. Precisamos de descentralizar estes mecanismos de resposta e garantir que, por exemplo, os estudantes deslocados continuem a ter acesso à saúde mental, que continuemos a ter uma aposta mais robustecida ao nível da sociedade, sob pena de estarmos a falhar com o que deve ser um compromisso que é preservar o SNS que não se coaduna com deixar para os privados. Os privados têm de ser complementares e não serem privilegiados nesta relação”, afirmou.
Inês Sousa Real, adiantou que o PAN defende “uma aposta maior no laboratório militar” para fazer face “à escassez de medicamentos”, e “uma estratégia comum” nacional e europeia “para garantir a autonomia e soberania” do país “no acesso à medicação, em particular, aos medicamentos oncológicos ou para outras doenças crónicas”
“Para que Portugal e a Europa não fiquem sem ‘stock’ de medicamentos”, referiu.
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