"Não há dúvida que a campanha de desinformação pró-Kremlin é uma estratégia orquestrada, que fornece os mesmos artigos de desinformação no maior número de línguas possíveis, através do maior número possível de canais", disse o comissário europeu responsável pela segurança, o britânico Julian King, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
A convicção de Julian King foi expressa durante um debate sobre "a Rússia e a influência da (sua) propaganda nos países da União Europeia", no Parlamento Europeu.
Em dois anos, a unidade da Comissão Europeia contra a desinformação do leste "reuniu mais de 3.500 exemplos de desinformação pró-Kremlin, que contradiziam os fatos ainda acessíveis ao público e que foi repetido em muitas línguas em muitas oportunidades", como afirmou o comissário.
"As autoridades não escondem os objetivos desta campanha", afirmou King, acrescentando: "Na doutrina militar oficial da Rússia, bem como em declarações oficiais de generais russos, descreve-se o uso de 'dados falsos' e de uma ‘propaganda desestabilizadora' como ferramentas legítimas e de informação como 'um outro tipo de força armada'. Devemos continuar vigilantes".
O comissário sustentou que "o objetivo é fazer crer às pessoas que a desinformação é um facto, é credível".
"Se olharmos as sondagens de opinião, medindo quantas pessoas aceitam a óbvia desinformação espalhada pelos media pró-Kremlin, deve-se concluir, infelizmente, que essa desinformação russa pode ser extremamente eficaz".
O canal de televisão RT (ex-Russia Today) e a agência de imprensa russa Sputnik, dois órgãos de comunicação social públicos da Rússia em línguas estrangeiras, são acusados na Europa e nos Estados Unidos de retransmitir a propaganda do Kremlin ou de tentarem interferir em eleições.
Até agora, as preocupações eram especialmente da Europa de leste, mas a questão diz respeito a todos os países da União Europeia, segundo King, desde as revelações sobre a campanha eleitoral dos Estados Unidos, em 2016, em que a Rússia é acusada de ter influenciado a favor da eleição de Donald Trump, dos incidentes na Alemanha e durante a eleição presidencial na França.
O Governo espanhol alertou a União Europeia sobre "manipulações" nas redes sociais - provenientes em grande parte "de território russo" - em favor dos separatistas catalães, depois do referendo de 01 de outubro do ano passado.
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