No total, oito audiências serão transmitidas em horário nobre e regular nos Estados Unidos (EUA) a partir de 09 de junho, após a comissão ter feito cerca de 1.000 entrevistas e recolhido mais de 100.000 documentos, incluindo e-mails e textos, ao longo de vários meses, segundo informou o deputado democrata Bennie Thompson, que preside à comissão.
Nos últimos meses, a comissão da Câmara dos Representantes tem vindo a aproximar-se do círculo mais próximo de familiares e conselheiros políticos do ex-presidente Donald Trump, o que incluiu a audições de dois dos seus filhos.
Donald Trump Jr., o filho mais velho do ex-presidente, foi ouvido no início deste mês, por ter estado com o pai durante a insurreição, tendo sido visto nos bastidores do comício que decorreu na Casa Branca em 06 de janeiro de 2021, antes dos apoiantes de Donald Trump rumarem para o Capitólio.
Trump Jr. é o segundo filho do ex-presidente a falar com a comissão de investigação, depois da irmã, Ivanka Trump, ter sido inquirida durante oito horas no início de abril, bem como o marido desta, Jared Kushner.
É quase certo que o comité procurará o testemunho do próprio Trump e do seu ex-vice-presidente Mike Pence, apesar de saber que é improvável que ambos compareçam à audição voluntariamente e que cooperem com a investigação.
Até agora, figuras-chave como o ex-chefe de gabinete adjunto da Casa Branca para as Comunicações Dan Scavino, o ex-assessor comercial Peter Navarro e o ex-estratego de Trump, Steve Bannon, recusaram-se a cumprir as intimações que procuravam o seu testemunho.
São conhecidos? o???s factos centrais da insurreição de 2021 – quando apoiantes de Trump tentaram impedir a certificação eleitoral da vitória nas presidenciais de Joe Biden - mas o que a Comissão tentou fazer ao longo dos últimos meses foi preencher as lacunas restantes sobre o ataque ao Capitólio, sendo que os legisladores afirmam estar comprometidos em apurar responsabilidades para prevenir que tais acontecimentos se repitam.
Este painel da Câmara dos Representantes pretende apurar não apenas a conduta de Trump em 06 de janeiro, quando este apelou à multidão para “lutar incessantemente” contra o resultado eleitoral, mas também os esforços do republicano, e da sua equipa, meses antes, na contestação da derrota eleitoral ou na obstrução a uma transição pacífica de poder.
A comissão encontra-se a analisar todos os aspetos do tumulto, incluindo o que o próprio Trump fazia enquanto se desenrolava o ataque e quaisquer conexões entre a Casa Branca e os manifestantes que invadiram o edifício do Capitólio.
Outro dos pontos que a Comissão pretende apurar o que levou a que decorressem 187 minutos até que as tropas da Guarda Nacional e polícias fossem enviados para o Capitólio.
Apesar de a comissão já ter divulgado algumas informações, a maioria dos resultados obtidos pela investigação são ainda reservados.
No momento em que se preparam para apresentar o seu relatório final, os membros do painel também planeiam produzir uma apresentação multimédia que possa ser compartilhada nas redes sociais e que atraia a atenção do público, segundo noticiou a estação televisiva CNN.
Até ao momento, a comissão já emitiu cerca de uma centena de intimações para depoimentos de testemunhas e produção de documentos e realizou uma audiência pública em julho de 2021 para ouvir polícias do Capitólio que foram atacados.
Os democratas levantaram ainda questões sobre se alguns membros republicanos do Congresso teriam desafiado as restrições da pandemia e realizado visitas ao Capitólio antes do ataque, permitindo que os visitantes estudassem a área em preparação para a violenta ofensiva.
Apesar de os legisladores não serem polícias, podem enviar para o Departamento de Justiça quaisquer provas que acreditem mostrar irregularidades criminais, sendo que o Departamento de Justiça já se encontra a processar separadamente mais de 800 pessoas pelas suas ações no Capitólio.
Até ao momento, cerca de 800 pessoas foram acusadas de crimes federais relacionados com o motim do Capitólio norte-americano, das quais mais de 280 declararam-se culpadas, principalmente por contravenções.
Mais de 160 de réus já foram condenados, incluindo 60 que foram sentenciados a penas de prisão que variam de 14 dias a cinco anos e três meses. Aproximadamente outros 100 ainda estão a ser julgados.
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