Numa declaração pública, a diretora executiva da Greenpeace International, Jennifer Morgan, disse esperar que a COP26 vá além das promessas e dos compromissos estabelecidos na assinatura do Acordo de Paris, em 2015, entre os quais a proposta de limitação do aquecimento global a 1,5 graus celsius (ºC) acima dos valores médios da era pré-industrial.
“Paris era a festa de noivado, mas agora estamos no casamento, à espera de ver se os países e empresas chave estão dispostos a dizer ‘eu quero'”, afirmou Jennifer Morgan, adiantando que, apesar dos poucos sinais dados nesse sentido nos dias que antecedem a reunião, “não é demasiado tarde para os líderes chegarem a acordo sobre um plano de ação”.
A Greenpeace apela, sobretudo, para uma declaração a anular todos os novos projetos de exploração de hidrocarbonetos; para metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, que permitam reduzir para metade as emissões a nível mundial até 2030; e para descartar a abertura de um mercado internacional de compensação de carbono, que a organização considera “uma fraude”.
Para a Greenpeace, os países mais ricos devem cumprir o compromisso de contribuir com 100 mil milhões de dólares por ano para ajudar os países pobres a adaptarem-se às alterações climáticas e a avançarem para energias sustentáveis, além de financiamento adicional para os danos já causados em algumas áreas.
Segundo Jennifer Morgan, “a confiança é baixa e as tensões elevadas” entre os países em desenvolvimento, já que vários estão a ser afetados pelas consequências de um aquecimento global que não promoveram e pela perceção de desigualdade na distribuição de vacinas contra a covid-19, fator a que se soma a rejeição da cedência de patentes para liberalizar o fabrico.
A responsável da organização ambientalista esteve presente em todas as COP desde 1995 e na antevisão desta COP26 – que decorrerá entre 31 de outubro e 12 de novembro em Glasgow, Escócia, copresidida pelo Reino Unido e por Itália – considerou que a conferência se evidencia pelo “contraste” claro entre nações em luta pela sua sobrevivência e outros governos e setores da economia “dispostos a espremer mais algumas décadas sem mudanças”.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos são esperados em para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
Apesar dos compromissos assumidos até agora, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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