A empresa, que produz algumas das marcas de chocolate mais conhecidas em Portugal, já tinha, nos meses anteriores, preparado as encomendas para esta altura do ano, uma das mais importantes em termos de faturação, mas tenta agora adaptar-se à nova realidade.
"Sabemos que os produtos têm tido menor rotação nos pontos de venda e prevemos que esta campanha da Páscoa tenha um desempenho muito menor do que o habitual. Em comparação com o ano anterior, a quebra na procura é de mais 50%", explicou à Lusa a diretora executiva da empresa, Manuela Tavares de Sousa.
Apesar de esperar que as famílias, mesmo afastadas, "mantenham a tradição de consumir os tradicionais produtos de chocolate na Páscoa", a diretora-geral não prevê que a tendência descendente nas vendas se altere nesta próxima semana, antecipando, também, perdas nos produtos para exportação.
"Já tivemos adiamento de pedidos para mercados externos, como Reino Unido ou França, algo que se deve acentuar em abril e maio. Tudo isto vai obrigar-nos a adaptar a nossa estratégia", acrescentou.
No restante portefólio de chocolates produzidos pela Imperial, a responsável não notou, por enquanto, um acréscimo da procura, nomeadamente em meados de março, período onde se registou uma maior afluência dos portugueses aos supermercados.
Manuela Tavares de Sousa reconheceu que "os chocolates não estão, neste momento, entre os produtos alimentares essenciais das famílias", mas, admitindo a possibilidade de diminuir a produção, garantiu que a empresa, que com conta com mais 200 colaboradores, "vai continuar a trabalhar".
"Estas alterações no mercado implicam um plano de gestão quase diário. Mas, sendo nós uma empresa do ramo alimentar, que faz parte de uma importante cadeia abastecimento, temos de continuar a trabalhar, satisfazendo a procura e ajudando a economia nacional a funcionar", disse a empresária.
Para manter em atividade todos os seus funcionários nas linhas de produção, operando em três turnos, a Imperial teve de reforçar as medidas de segurança e aplicar os planos de contingências preparados para encarar a pandemia de covid-19, com a responsável a enaltecer "o espírito de missão, a entrega e disponibilidade total dos trabalhadores nesta fase tão conturbada", espelhado num vídeo publicado para as redes sociais da empresa.
Sem dificuldade, por enquanto, está a obtenção de matéria-prima e outros bens necessários para a produção, assim como a logística da distribuição.
"Trabalhamos com cacau que vem de países como o Gana ou a Costa do Marfim e, felizmente, não temos tido qualquer problema. Também os fornecedores dos materiais para as embalagens continuam a operar, assim como toda a cadeia de transporte", referiu Manuela Tavares de Sousa.
Ainda assim, a responsável da Imperial admite que o futuro "é incerto", prevendo que os meses de abril e maio sejam de "alguma contração".
"Neste momento ninguém sabe o que vai acontecer nos próximos meses. É certo que haverá uma quebra, mas não sabemos o impacto. É preciso serenidade e esperança. Temos a vantagem de neste setor agroalimentar os nossos grandes canais de escoamento, que são os hipermercados, continuam abertos ao público", partilhou Manuela Tavares de Sousa.
Depois de em 2019 ter faturado cerca de 33 milhões de euros, a Imperial contava este ano chegar ao patamar dos 35 milhões, reforçando a sua parcela de exportação para 25% da produção, que continua a ter o mercado nacional como grande alvo.
A pandemia da covid-19 surgiu na China em dezembro de 2019 e ultrapassou esta semana a barreira de um milhão de infetados e de 50.000 mortos em todo o mundo.
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