As autoridades estão preocupadas com o papel das redes sociais na violência racista e islamofóbica que se prolongou por uma semana, na sequência do ataque com faca que custou a vida a três raparigas, incluindo uma portuguesa, em Southport (noroeste de Inglaterra), a 29 de julho.
“É mais importante do que nunca dar aos jovens as competências de que necessitam para pensar de forma crítica sobre o que veem online”, declarou a ministra da Educação, Bridget Phillipson, numa entrevista ao jornal Sunday Telegraph.
“A nossa reforma curricular vai incluir o desenvolvimento de competências críticas para armar os nossos filhos contra a desinformação, as notícias falsas e as teorias da conspiração nauseabundas que abundam nas redes sociais”, acrescentou.
Este objetivo fará parte de uma vasta revisão dos currículos primários e secundários lançada pelo novo governo trabalhista, cujas conclusões são esperadas no próximo ano.
De acordo com o Sunday Telegraph, a ideia do executivo não é criar cursos específicos sobre desinformação, mas incluir o tema em várias disciplinas.
As aulas de inglês poderiam ser dedicadas à análise de artigos de jornal para distinguir as notícias verdadeiras das falsas, as aulas de informática poderiam ajudar a identificar sítios de “notícias falsas” ou imagens retocadas, enquanto as aulas de matemática poderiam centrar-se na interpretação de estatísticas.
Os tumultos eclodiram num contexto de rumores online, parcialmente desmentidos, que descreviam o suspeito do ataque de Southport como um requerente de asilo muçulmano. Na realidade, trata-se de um adolescente de 17 anos, nascido em Cardiff, País de Gales, cujos pais, segundo a imprensa, são do Ruanda.
O Governo intensificou os seus avisos aos utilizadores da Internet e às plataformas digitais sobre as suas responsabilidades legais.
As primeiras condenações foram proferidas na sexta-feira, com penas de prisão impostas aos responsáveis por mensagens em linha que encorajam a violência.
Estes casos foram fortemente denunciados pelo patrão da rede social X, Elon Musk, que tem vindo a reintegrar as contas banidas desde que comprou a rede, o antigo Twitter, no ano passado.
O próprio multimilionário foi acusado de ter atiçado os ânimos ao divulgar artigos anti-imigração provenientes de círculos conspirativos, incluindo um artigo falso do Telegraph que afirmava que o Governo queria enviar os desordeiros para campos nas Malvinas, no Atlântico Sul.
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