
Segundo os resultados provisórios, citados pelo Público, o partido de centro-direita Demokraatik, que defende uma abordagem mais lenta para a independência, lidera com 29,9% dos votos, ultrapassando o partido de esquerda no poder, IA Inuit Ataqatigiit, que ficou em terceiro lugar, com 21,4%.
Os centristas do Naleraq aparecem em segundo lugar, que conseguiram 24,5%. Nas eleições anteriores, o Demokraatik tinham tido pouco mais de 9% dos votos.
A principal bandeira do partido eleito é a independência da antiga colónia da Dinamarca. A luta pela independência não é recente, mas os Democratas trazem uma nova abordagem que favorece um processo mais gradual e moderado.
À frente surge Jens-Frederik Nielsen, líder do partido e antigo ministro da Indústria e dos Minerais, que assume que “a população quer mudança”, e a prioridade dos Democratas é promover “mais comércio para financiar o Estado social” gronelandês.
A Gronelândia é uma região autónoma desde 1979, cujas decisões em assuntos relacionados com política externa e defesa acontecem em Copenhaga.
"As pessoas querem mudança... Queremos mais negócios para financiar o nosso bem-estar", afirmou o líder do Demokraatik, Jens-Frederik Nielsen, à Reuters, após os resultados, segundo citou a CNN. "Não queremos independência amanhã, queremos uma boa base."
O Primeiro-Ministro incumbente Múte Egede afirmou, em comunicado, que respeita os resultados das eleições e aguarda mais informações sobre as negociações de coligação. O partido social-democrata a que pertencia, o Inuit Ataqatigiit, vê a independência como um projeto a longo prazo, que requer anos de negociações com a Dinamarca e um maior progresso económico.
Jens-Frederik Nielsen agora irá realizar conversações com outros partidos para tentar formar uma coligação governamental, para alcançar a maioria dos 31 deputados do Inatsisartut (Parlamento da Gronelândia).
O Nalereq pode não ser a escolha mais óbvia, uma vez que o partido centrista defende uma colaboração mais próxima com os EUA e quer um processo de secessão da Dinamarca mais acelerado.
"O nosso principal foco será a política para a qual fomos eleitos, e depois teremos de conversar com os outros partidos, para saber onde estão", disse Anna Wangenheim, membro do partido Demokraatik no parlamento da Gronelândia. E, por isso, reforçou que ainda não está claro com que partido será formada a nova coligação.
Este ano, a ideia de Trump de anexar o território e desenvolver uma potência militar na ilha colocou os holofotes internacionais nas eleições na Gronelândia. Além disso, levantou questões sobre a segurança da ilha, pelo interesse dos Estados Unidos, da Rússia e da China pelo Ártico.
A Gronelândia é rica em recursos e tem principal interesse pela localização geográfica. A ilha situa-se ao longo da rota mais curta entre a Europa e a América do Norte, essencial para o sistema de alerta de mísseis balísticos dos EUA.
Há uma semana, o presidente americano revelou que tem a intenção de ficar com a Gronelândia "de uma forma ou de outra". E acrescentou: "Vamos conseguir. Vamos manter-vos em segurança. Vamos torná-lo rico e juntos vamos levar a Gronelândia a patamares como nunca se imaginou ser possível antes".
Comentários