“O que está a acontecer em Gaza não é definitivamente uma guerra: é uma tentativa de genocídio porque mesmo a guerra tem moralidade, normas e leis que devem ser seguidas”, frisou Recep Tayyip Erdogan, de acordo com agência de notícias turca Anadolu.

O governante turco frisou que Israel está a cometer barbárie com ataques contra hospitais, igrejas, mesquitas, escolas, universidades, ambulâncias, bem como campos de refugiados ou mesmo “filas para receber ajuda alimentar”.

Erdogan afirmou também que “a fé de milhares de milhões de pessoas no sistema internacional, na justiça e na lei foi destruída”, uma vez que mesmo com as medidas cautelares impostas pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) o Governo de Israel “contínua imprudentemente com a sua políticas de ocupação, destruição e massacre”.

“As potências ocidentais, que apoiaram Israel incondicionalmente desde o primeiro dia, fazem parte do derramamento de sangue com as suas políticas hipócritas de ‘siga o cão, fuja do coelho'”, frisou ainda Erdogan.

O chefe de Estado turco insistiu que a comunidade internacional “só será capaz de pagar a sua dívida para com o povo palestiniano” através da solução de dois Estados.

“Estamos dispostos a assumir responsabilidades como fiadores no processo”, garantiu.

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, realçou, em resposta através da rede social X, que Ancara “massacra constantemente os curdos na Turquia e na região”, rejeitando as acusações de genocídio.

“Senhor Erdogan, não somos como você. Estamos a lutar contra o seu cúmplice, o Hamas, a quem você acolheu na Turquia e permitiu que cometesse massacres e homicídios. Você deveria ficar em silêncio e envergonhado!”, sublinhou.

As autoridades de Gaza denunciaram um massacre cometido pelo Exército de Israel, acusando-o de atacar civis concentrados junto a uma coluna humanitária. Também a Autoridade Palestiniana referiu-se a um “atroz massacre” e sublinhou que “é parte integrante da guerra genocida por parte do Governo de ocupação”.

O Exército de Israel atribuiu a matança a uma “fuga desordenada” e limitou a dez as pessoas mortas pelos militares. Publicou ainda um vídeo que demonstra a aglomeração de pessoas junto aos veículos, e quando se agrava a crise humanitária no enclave, em particular na zona norte.

No ataque de 07 de outubro do movimento islamita Hamas em território junto à Faixa de Gaza, foram mortas cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 30.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas pelo menos 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.