“É um discurso que demonstrou cinismo, como tem vindo a demonstrar-se ao longo desta guerra irracional, injusta e injustificada”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Espanha, José Manuel Albares, em Madrid.

Albares sublinhou que nenhum país da União Europeia ou da NATO (aliança de Defesa de países europeus e da América do Norte) “fazem parte desta guerra” ou fizeram alguma coisa para “empurrar” para um conflito que a Ucrânia e os ucranianos também não queriam.

“Esta é uma guerra de um só homem”, disse o ministro espanhol, em declarações a jornalistas, num referência a Putin e à guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado com uma invasão militar russa.

Vladimir Putin fez hoje um discurso em Moscovo em que acusou o Ocidente de querer impor à Rússia uma “derrota estratégica” na Ucrânia e em que argumentou que a ameaça ocidental justificava a invasão.

Segundo o Presidente russo, os países ocidentais são “os culpados da invasão” e Moscovo tem tentado travá-la e feito “todo o possível para solucionar o conflito de forma pacífica”, acrescentando que “é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha”.

Putin anunciou que Moscovo suspende a participação no tratado New START, o último pacto de controlo de armas nucleares que tinha com os Estados Unidos.

Para o MNE espanhol, este discurso foi “mais um passo de obstinação em continuar unilateralmente uma guerra que ninguém quer”.

Quanto ao tratado New START, Albares disse acreditar que não se concretize a suspensão da participação russa e afirmou não haver “nenhum indício” de que esteja aqui em causa mais do que “uma escalada verbal”.

O ministro acrescentou que, no entanto, “infelizmente, a Rússia tem mostrado que não precisa de nenhuma desculpa” para aumentar a escalda verbal e para continuar com a guerra na Ucrânia, “sem distinguir entre alvos militares e civis e com total desprezo pela integridade territorial, a soberania, a independência e a liberdade da Ucrânia”.

No final da reunião de hoje do Conselho de Ministros de Espanha, a ministra porta-voz do Governo, Isabel Rodríguez, leu também um declaração em que reiterou a “solidariedade e a unidade de Espanha e do conjunto da União Europeia com o povo ucraniano” e na condenação da “agressão unilateral, injusta e injustificada” da Rússia à Ucrânia.

O mesmo texto sublinhou que neste conflito está em causa a defesa do “modelo europeu de convivência de direitos e liberdades”, ameaçado por Putin.