O presidente dos Estados Unidos propôs um cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia. Kiev aceitou a proposta, mas Moscovo não anunciou uma resposta clara.

Witkoff, que se reuniu por várias horas com Putin há alguns dias, disse ao canal CNN que "os dois presidentes terão conversas boas e positivas esta semana".

Acrescentou que Trump "realmente espera que tenha algum tipo de acordo nas próximas semanas, e acho que será o caso".

Algumas horas antes, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, conversaram por telefone no sábado e "discutiram as próximas etapas" para acabar com a guerra na Ucrânia.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia informou este domingo que os diplomatas abordaram "os aspetos concretos" da continuidade das discussões na Arábia Saudita e "concordaram em permanecer em contacto", sem mencionar a proposta de trégua dos Estados Unidos.

Apesar das recentes tensões entre o presidente americano e seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, Kiev aceitou um cessar-fogo de 30 dias com mediação dos Estados Unidos, caso Moscou interrompa os ataques no leste da Ucrânia.

O presidente Vladimir Putin, no entanto, não aceitou a proposta e impôs condições que vão além do que era solicitado no acordo entre Estados Unidos e Ucrânia.

Desde o seu regresso à Casa Branca, em janeiro, o presidente Trump afirma que procura acabar com o conflito de mais de três anos e se aproximou de Putin.

Momento da verdade

A ligação entre os chefes da diplomacia russa e americana aconteceu após uma reunião da cimeira virtual organizada por Londres no sábado.

O Primeiro-Ministro britânico, Keir Starmer, disse aos 26 líderes que participaram no encontro virtual que eles dever-se-iam concentrar em como fortalecer a Ucrânia, proteger qualquer cessar-fogo e manter a pressão sobre Moscovo.

"A minha sensação é que, mais cedo ou mais tarde, (o presidente russo) terá que se sentar à mesa e envolver-se numa discussão séria", disse Starmer.

Os comandantes militares de quase 30 países reuniram-se em Paris a 11 de março para discutir planos para uma força de manutenção da paz na Ucrânia e voltarão a reunir-se na quinta-feira no Reino Unido para que a coalizão passe à "fase operacional", disse Starmer.

Zelensky anunciou a designação de uma "delegação" para negociar "uma paz justa" com a Rússia, segundo um decreto publicado no sábado.

Após a cimeira virtual, o presidente francês Emmanuel Macron disse que deseja que "a pressão seja clara" sobre Moscovo, que "não dá a impressão de querer sinceramente a paz".

"É o momento da verdade, porque se a Rússia não se comprometer sinceramente com a paz, o presidente Trump endurecerá as sanções e represálias, e isso mudará completamente a dinâmica", disse Macron.

O presidente russo "intensifica os combates e quer obter tudo para depois negociar", denunciou o presidente francês numa mensagem do Palácio do Eliseu à AFP.

"Uma posição mais forte"

Zelensky também alertou que a Rússia quer ter "uma posição mais forte [no território] antes do cessar-fogo" e acusou Moscovo de adiar as conversações.

Starmer e Macron demonstraram disposição para enviar tropas britânicas e francesas à Ucrânia, mas não está claro se outros países aceitarão fazer o mesmo.

A Rússia rejeitou a ideia de que soldados estrangeiros atuem como forças de paz na Ucrânia.

Apesar das possíveis negociações, os combates seguem e Moscovo recuperou trechos de território esta semana no oblast (região administrativa) fronteiriço de Kursk.

Segundo um decerto publicado neste domingo, Zelensky substituiu o chefe de Estado-Maior ucraniano, Anatoly Bargylevych, por Andriy Gnatov, para "aumentar a eficiência da gestão".

Kiev declarou que a sua Força Aérea derrubou 130 drones de fabricação iraniana lançados pela Rússia no sábado sobre 14 regiões ucranianas.

Putin, por sua vez, pediu que as tropas ucranianas cercadas em Kursk "se rendam".

Moscovo retirou 371 civis dos territórios que reconquistou na região, anunciou neste domingo o governador Alexander Khinshtein nas redes sociais.

Na Ucrânia, uma pessoa morreu num ataque de drone em Izium, na região de Kharkiv. Um prédio residencial sofreu um incêndio e uma casa foi danificada no sábado à noite em Chernihiv (norte), após um ataque russo, anunciaram as autoridades locais.