As sondagens publicadas, principalmente a elaborada pelo Centro de Investigações Sociológicas (CIS), um organismo público que realiza este tipo de análises, indica que os socialistas espanhóis irão ser os mais votados em 10 das 12 Comunidades Autónomas que vão a votos.
A Espanha está dividida em 17 comunidades, cinco das quais têm eleições autonómicas e municipais fora do calendário normal: Galiza, País Basco, Catalunha, Andaluzia e Comunidade Valenciana.
A nomeação dos presidentes das comunidades e das autarquias vai depender das negociações que vão ser feitas depois da consulta eleitoral, mas o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, socialista) parece bem colocado para liderar coligações de esquerda na maioria delas.
A sondagem do CIS indica que os socialistas só não irão ganhar com maioria relativa nas Comunidades da Cantábria e de Navarra.
O futuro quadro regional e municipal depende ainda de uma série de partidos de caráter regional que são muito fortes em algumas das regiões.
Nas eleições legislativas realizadas em 28 de abril último o PSOE foi o partido mais votado, com 28,68% dos votos), seguido do Partido Popular (PP, direita) com 16,70%, do Cidadãos (direita liberal) com 15,86%, o Unidas Podemos (extrema-esquerda) com 14,31% e o Vox (extrema-direita) com 10,26%.
As eleições foram marcadas pelo aumento da votação dos socialistas, mas também pela forte diminuição do apoio ao PP, que baixou para cerca de metade, com o voto da direita a ser dividido com o Cidadãos e o Vox.
As sondagens também indicam a tendência para uma diminuição da votação no Vox nas regionais, depois de esta formação ter emergido nas últimas eleições gerais.
As europeias, autonómicas e municipais também estão a ser vistas como a segunda volta das legislativas realizadas um mês antes.
Os observadores sublinham que o PSOE do primeiro-ministro Pedro Sánchez quer confirmar que a votação que obteve em abril (quase 29%) não foi apenas por ter conseguido o voto útil da esquerda contra a direita e, principalmente, a extrema-direita do Vox (mais de 10%).
Pedro Sánchez tem ainda sobre ele a pressão para confirmar que, a par dos socialistas portugueses, é uma referência na Europa e que ainda há um lugar para os partidos socialistas/sociais-democratas no velho continente.
As eleições também são essenciais para a direita espanhola “fragmentada”, que está a passar por um processo de “reconfiguração”, com o tradicional PP a perder metade dos votos que tinha anteriormente e a ser quase alcançado pelo Cidadãos e o Vox.
PP e Cidadãos estão a lutar para ver quem vai liderar a direita espanhola no futuro.
O líder do Cidadãos, Albert Rivera, não se cansa de dizer que é o novo líder da oposição ao executivo socialista e o presidente do Partido Popular, Pablo Casado, gostaria de ter indicações em como o pior já passou para a sua formação.
A questão catalã continua a dar que falar, com os partidos independentistas a aproveitar todas as oportunidades para recordar que ainda lutam pela autodeterminação dessa região e criticar o julgamento do que consideram ser “presos políticos” envolvidos na tentativa separatista de 2017.
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