Em entrevista à Fox News no domingo, o enviado do Presidente Donald Trump para assuntos internacionais, Steve Witkoff, afirmou que não via o Presidente russo, Vladimir Putin, “a querer tomar conta de toda a Europa”.

Witkoff considerou a ameaça teórica porque, na sua opinião, Putin “quer a paz”.

De visita a Singapura, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês rejeitou a análise do representante de Trump.

“Olhamos para os factos e o facto é que a Rússia gasta hoje 10% do seu PIB [Produto Interno Bruto] na defesa, o que representa 40% do seu orçamento”, disse Barrot, citado pela agência francesa AFP.

Barrot considerou que a “agressividade [de Putin] nos últimos três anos” se estendeu “muito para além da Ucrânia”, país que invadiu em fevereiro de 2022.

O ministro referiu “a manipulação da informação, que afetou a própria França, mas sobretudo, e ainda mais grave, países europeus como a Roménia”.

Argumentou que a eleição presidencial na Roménia “teve de ser cancelada devido a campanhas de desinformação conduzidas por agentes russos”.

O Tribunal Constitucional da Roménia anulou as eleições em dezembro na sequência de alegações de interferência russa e de propaganda massiva nas redes sociais a favor do político de extrema-direita Calin Georgescu.

A Europa também tem sido confrontada com “atos de sabotagem” russos, em particular nos países de leste do continente, segundo Barrot.

“A agressividade da Rússia não é, portanto, teórica. É muito real, e muitos países europeus já sofreram as suas consequências, consequências muito tangíveis”, declarou.

O ministro francês disse que as linhas da frente se deslocaram “para mais perto da Europa” desde que a Rússia atacou a Ucrânia há três anos.

“Queremos a paz e é por isso que temos de dissuadir qualquer ameaça, venha ela da Rússia ou de outro lado”, acrescentou.

A União Europeia aprovou no início de março um plano de mobilização de até 800 mil milhões de euros em quatro anos para reforçar a segurança do continente e ajudar a Ucrânia.

A decisão foi tomada no quadro da ameaça dos Estados Unidos de reduzir o compromisso com a NATO, a Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Barrot anunciou que se deslocará à Indonésia na quarta-feira.

O ministro francês é esperado em Pequim e Xangai na quinta e na sexta-feira para a primeira visita à China desde que assumiu o cargo em setembro de 2024.

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