“Acredito que Benoit Hamon tem todas as condições de conversar, de uma forma mais alargada, com as diferentes correntes de esquerda e centro-esquerda do país”, disse à Lusa Hermano Sanches Ruivo, que vive há quase 40 anos em França e é atualmente vereador executivo com a pasta da Europa na câmara de Paris.
O ex-ministro da Educação Benoit Hamon foi escolhido no domingo para ser o candidato socialista às eleições presidenciais, que decorrem em abril, ao derrotar na segunda volta do escrutínio o antigo primeiro-ministro Manuel Valls.
“Eu vejo com agrado (a vitória de Hamon), não apenas porque era o candidato que eu apoiava, mas também porque foi a decisão de muitos de votar em Benoit Hamon no domingo”, disse o socialista Sanches Ruivo.
Para o vereador da câmara de Paris, Manuel Valls não teria a mesma abertura nas conversações com os demais partidos de esquerda, nomeadamente pela situação de afastamento que foi proporcionada nos últimos anos pelo primeiro-ministro socialista.
“Essa imagem de que o Partido Socialista está em completa destruição, em autodestruição e que cada um pode fazer o que quer (…), que há candidatos que não respeitam as decisões dos outros” não é verdadeira, acrescentou o socialista.
Para Sanches Ruivo, houve uma “participação forte e consequente” na eleição de domingo e os resultados mostraram que são “vinculativos”, referindo-se à votação que Hamon recebeu.
Hamon obteve 58,65% dos votos nas primárias dos socialistas, contra 41,35% de Valls, de acordo com os primeiros resultados provisórios, e depois de terem sido contados 60% das mesas, nas quais votaram cerca de 1,1 milhões de eleitores.
Um total de perto de dois milhões de pessoas participou na segunda volta das primárias socialista, contra 1,6 milhões de eleitores, na primeira volta, e de quatro milhões de pessoas que participaram, em dezembro passado, nas primárias da direita.
Sobre o futuro da campanha de Hamon às presidenciais, Sanches Ruivo disse que “há uma carta de compromisso assinada pelos candidatos socialistas derrotados dizendo que terão de apoiar o vencedor das primárias” do partido.
“Vamos ver como isso corre”, sublinhou.
Para o vereador da câmara de Paris, está dentro do projeto de Benoit Hamon “o apoio à Europa e a comunidade portuguesa também faz parte desta realidade dos europeus em França”.
Hermano Sanches Ruivo disse que a comunidade portuguesa já é bem vista no país e que há muitos lusodescendentes na política francesa, que acabam por criar uma ligação à comunidade portuguesa.
O vereador também declarou que Portugal tem tido uma maior visibilidade nos últimos anos em França, citando vários exemplos, como o facto de termos sido campeões da Europa de futebol.
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