Josias Alves acampou na Praça Humberto Delgado a 6 de fevereiro e iniciou uma greve de fome com o objetivo de “não só conseguir ordenados correspondentes à condição socioprofissional”, como também protestar contra “as pressões e perseguições” de que alegadamente tem sido vítima.
Desde então, o militar só tem ingerido líquidos e na terça-feira confessou à Lusa que já tinha perdido 14 quilos desde o início do protesto. Ao início da tarde de hoje, o militar confessou a um polícia municipal, que lhe prestava solidariedade, que não se estava a sentir bem.
“Ele disse que se estava a sentir mal e a fraquejar. Queixou-se que não sentia as pernas, que estava fraco e eu apercebi-me que o discurso dele não estava a fazer sentido. Mesmo contra a vontade dele chamei o INEM”, disse à Lusa o referido agente, que preferiu não ser identificado.
Enquanto o INEM não chegava, o militar recebeu ajuda de um médico que estava a passar e se apercebeu que algo estava a acontecer: “O INEM chegou rapidamente, enfiaram-no dentro da ambulância e estão lá com ele. Não sei como ele está. Só espero que não fique chateado comigo”, apontou o agente policial.
Depois de cerca de 20 minutos a ser assistido no local, Josias Alves foi conduzido a uma unidade hospitalar para receber assistência, viu a Lusa no local.
A ambulância do INEM acabou por atrair a atenção de alguns turistas que passavam no local e perguntavam o porquê de estar uma tenda coberta de plásticos pretos na praça: “Esteve ali um camarada militar a lutar por todos. Honra lhe seja feita”, respondeu um militar da GNR que, disse, ia todos os dias prestar “solidariedade e honra” ao “camarada em luta”.
Segundo disse à Lusa na terça-feira, desde o início do protesto que o militar consumia “apenas, sumos naturais, água das pedras, que tem forte concentração de cálcio e de sódio, para manter o cérebro a funcionar, e bebida de amêndoa, para a concentração de proteínas e de lípidos”.
“Todos os dias noto que já me encontro a perder capacidade cognitiva, mesmo a minha capacidade de discurso já não é a mesma, portanto, sinto que estou a ficar um bocadinho mais fraco”, sublinhou então.
O militar, pai de um adolescente de 14 anos, considerou estar a dar “um exemplo de que deve lutar por aquilo em que acredita”.
“Acho possível obter as respostas que desejamos, se houver vontade e determinação política. Estão a esquecer-se que também somos votantes e que, se tivermos em conta não só aqueles que estão no efetivo, mas também os que estão na reserva, na reforma e na pré-reformas e se considerarmos as famílias, podemos ser 500 mil. Ora, isto faz pender a balança eleitoral. Se calhar, era boa ideia dizerem, claramente, quais são os planos para estes profissionais”, referiu.
Atualmente colocado no Pelotão de Apoio de Serviços, Josias Alves, 44 anos, do Marco de Canaveses, pretendia com a seu protesto “alertar” a sociedade civil para o “desespero” dos profissionais da GNR, da PSP e da Guarda Prisional.
O sargento chegou a comandar o Posto Territorial da GNR de Aveiro, Cacia, Vila Meã e de Alpendorada e a ser coordenador da Proteção Civil de Marco de Canaveses.
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