O governo português encaminhou o caso dos dois navios — Princesa Santa Joana e Santa Cristina — onde surgiram surtos de covid-19 no início de julho para investigação. Foi identificado até agora um total de 31 tripulantes positivos a bordo dos dois navios que operam para a Empresa de Pesca de Aveiro, do armador José Taveira da Mota.
Em resposta ao SAPO24, o gabinete do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, admite que "existe um historial de várias infrações na atividade pesqueira por parte do referido armador", mas acrescenta que "em termos de saúde dos trabalhadores, estes dois casos são exceção."
A tutela acredita que "poderá ter origem num comportamento eventualmente irresponsável por parte do armador numa situação em que estavam em causa vidas humanas."
Assim, "o assunto foi encaminhado para as entidades competentes para investigação."
Os primeiros sintomas a bordo foram registados a 2 de julho, mas o governo português só foi alertado no dia 6. Nessa altura, depois de confrontar os responsáveis do navio, as queixas dos tripulantes foram desvalorizadas. Segundo o ministério do Mar, o armador terá dito tratar-se de “sintomas gripais”.
Depois da intervenção da Direção-Geral da Saúde, ambos os navios acabariam por ser encaminhados para a costa do Canadá. Dois tripulantes (um do Princesa Santa Joana e outro do Santa Cristina) ficaram de imediato internados num hospital em Saint John's, em coma induzido, onde permanecem.
Entretanto, apesar de ainda ter homens infetados a bordo, o Santa Cristina teve autorização da autoridade de saúde do Canadá e saiu de Bay Bulls, onde estava fundeado. Regressou à pesca esta semana.
O embaixador de Portugal no Canadá disse à emissora pública daquele país, a CBC, que “apesar de ainda ter casos a bordo, estão isolados, monitorizados e não requerem cuidados especiais.”
O SAPO24 tentou por diversas vezes falar com José Taveira da Mota, mas tal nunca foi possível. Mesmo presencialmente, na sede da empresa na Gafanha da Nazaré, esta sexta-feira, 23 de julho, foi dito que nenhum responsável estaria disponível para falar.
Antes, pelo telefone, tinha já sido indicado que a Empresa de Pesca de Aveiro não ia comentar o caso, mesmo depois de os familiares de alguns dos tripulantes se terem manifestado à porta da firma.
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