O acordo foi divulgado pelo enviado do Vaticano, monsenhor Cláudio Maria Celli, ao finalizar o terceiro encontro de diálogo que teve lugar hoje em Caracas, durante o qual ambas as partes decidiram ainda “baixar o tom” dos discursos e promover a paz, com base no reconhecimento e respeito mútuo.
“O Governo e a oposição chegaram a um acordo para trabalhar de maneira conjunta, pelo bem-estar da economia venezuelana. Os gestos que se produziram permitem-nos manifestar que o processo [de diálogo] está a consolidar-se”, disse.
Segundo Mosenhor Cláudio Maria Celli o diálogo entre o Governo venezuelano e a oposição vai continuar, passando as mesas de trabalho a ser dirigidas pelo ex-Presidente do Governo de Espanha José Luís Rodríguez Zapatero.
Jorge Rodríguez, do setor governamental, e Carlos Ocariz, da oposição, leram o comunicado “Conviver em paz”, onde ambos os setores se comprometeram a “promover uma ação política que desterre o ódio da sociedade venezuelana, e a tomar decisões” de acordo com a referência constitucional.
Segundo Monsenhor Cláudio Maria Celli, foram definidos objetivos para normalizar o respeito entre os diferentes poderes da Venezuela e foram tomadas decisões para contribuir para a normalização do abastecimento de alimentos e medicamentos à população.
Chegaram ainda a um acordo para proceder à designação de novos reitores para o Conselho Nacional Eleitoral, cujo período termina em dezembro.
Também para atuar de maneira diligente na defesa do Esequibo, território em reclamação entre a Venezuela e a Guiana.
Fontes não oficiais dão conta que poderão repetir-se, em breve, eleições no Estado venezuelano de Amazonas, impugnadas pelo ‘chavismo’, por alegadas irregularidades na campanha para as legislativas de 06 de dezembro.
No dia 31 de outubro, o Governo e a oposição iniciaram um diálogo, sob a mediação do Vaticano e da Unasul (União das Nações Sul-americanas), que terminou com a decisão de ambas partes de instalar quatro mesas de trabalho.
No dia 01 de novembro, o parlamento venezuelano, onde a oposição detém a maioria, adiou “por alguns dias”, um debate para determinar a responsabilidade política do Presidente Nicolas Maduro, no que diz ser uma “rutura da ordem constitucional” no país.
A 11 e 12 de novembro, ocorreram a segunda e a terceira reuniões de diálogo.
O Governo venezuelano põe como condições que a oposição reconheça as instituições, que chegue a um grande consenso económico com o Executivo para recuperar o aparelho produtivo, que termine a guerra e a perseguição financeira contra a economia.
Também que as eleições regionais de 2016 se realizem em 2017, e que seja criada uma comissão pela verdade e pela justiça.
Por outro lado, a aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) põe como condições que se realize um referendo revogatório do mandato do Presidente Nicolás Maduro, ainda em 2016, que haja eleições gerais em 2017, que os presos políticos sejam libertados e que seja garantida a separação de poderes.
Também reclama que o Executivo reconheça o parlamento, onde a oposição é maioritária, que se repitam as eleições legislativas no Estado de Amazonas (impugnadas pelo ‘chavismo’) e que sejam designadas novas autoridades para o Conselho Nacional Eleitoral e para o Supremo Tribunal de Justiça.
Atenção prioritária à crise económica e a abertura de um canal humanitário, que permita a entrada de alimentos e medicamentos no país, são outras exigências da MUD.
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