“Íamos tomar a cidade de Bakhmut antes de 09 de maio. Quando perceberam isso, os burocratas militares pararam as entregas”, acusou Prigozhin num vídeo divulgado hoje.

“Portanto, a partir de 10 de maio de 2023, iremos retirar-nos de Bakhmut”, afirmou, destacando que se recusa a que “(os seus) rapazes, sem munição, sofram perdas desnecessárias e injustificadas”.

“Peço ao Chefe do Estado-Maior General que assine uma ordem de combate ao [grupo] Wagner para transferir as posições da zona de Bakhmut para unidades do Ministério da Defesa”, acrescentou Prigozhin.

O ultimato surge após semanas de tensão entre o grupo paramilitar e os militares russos.

Prigozhin tem acusado o Estado-Maior russo de não fornecer munições suficientes ao grupo Wagner, na linha da frente em Bakhmut, para impedir uma vitória que ofuscaria o exército do país.

Num outro vídeo publicado na madrugada de hoje, Prigozhin acusou o ministro da Defesa russo e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de serem responsáveis pelas perdas do grupo paramilitar.

“Eles [mercenários] vieram aqui como voluntários e morrem enquanto vocês engordam nos vossos gabinetes”, disse Progozhin dirigindo-se ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e ao chefe do Estado-Maior, Valeri Guerasimov.

Não é a primeira vez que Prigozhin ameaça a retirada do grupo Wagner de Bakhmut devido à falta de munições.

“Se a companhia militar privada Wagner abandonar Bakhmut a frente de combate desmorona-se”, disse o empresário numa outra mensagem difundida pela rede social YouTube.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.709 civis mortos e 14.666 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.