Guterres disse que aproveitará a sua participação na cimeira de líderes do G20 (o grupo das economias mais desenvolvidas e emergentes), realizada terça e quarta-feira na ilha indonésia de Bali, para abordar o acordo com representantes das delegações da Rússia e da Ucrânia.
Kiev participa no encontro como convidado da Presidência indonésia, que assegura atualmente a liderança rotativa do bloco.
“Na sexta-feira tivemos uma reunião muito importante com a delegação russa e eu mesmo falarei com Kiev em algum momento”, disse o representante das Nações Unidas quando questionado sobre o assunto pela comunicação social.
Embora tenha admitido que há “muitos problemas para superar os obstáculos” diante da extensão do acordo, Guterres disse estar “otimista” quanto à sua renovação “graças aos avanços” e aos “esforços que estão a ser feitos por todas as partes envolvidas”.
“Estou esperançoso de que esta iniciativa seja renovada porque é uma questão extremamente importante no mundo de hoje”, afirmou.
Após uma reunião na passada sexta-feira, em Genebra com altos funcionários das Nações Unidas, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Vershinin, afirmou que Moscovo ainda não tomou uma decisão sobre a extensão do acordo.
No início deste mês, a Rússia suspendeu a sua participação no pacto, alegando que a Ucrânia tinha atacado navios russos na Crimeia, mas alguns dias depois concordou em regressar ao acordo.
O acordo sobre as exportações de cereais ucranianos, também designado como “Iniciativa do Mar Negro a favor dos cereais” e que expira a 19 de novembro, permitiu a exportação de 10 milhões de toneladas de cereais e de outros produtos agrícolas desde 01 de agosto, aliviando a crise alimentar global desencadeada pela guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, informou a ONU na semana passada.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alertou que não renovar o acordo para além de 19 de novembro “seria muito grave” e que a consequência mais imediata seria o aumento dos preços dos cereais.
Um segundo acordo, que também foi firmado em 22 de julho em Istambul, visava facilitar as exportações russas de produtos alimentares e fertilizantes, apesar das sanções impostas pelos países ocidentais à Rússia.
Os dois documentos foram firmados com o patrocínio da ONU e da Turquia.
Muitos países têm pedido à Rússia para que prolongue o acordo, mas Moscovo queixa-se que as suas exportações de produtos alimentares e de fertilizantes, estes últimos encarados como um bem essencial para a agricultura mundial, estão de facto bloqueadas.
Comentários