No extremo sul do território, a cidade que viu a sua população quintuplicar com a chegada de um milhão de deslocados pela guerra está no olho do furacão.

Israel, que ignora os pedidos de muitos países, incluindo o aliado dos EUA, jurou lançar uma ofensiva terrestre para expulsar todos os combatentes palestinianos.

Esta resolução da ONU "chega tarde, após meses de massacres. O povo palestiniano está cansado desta guerra, é o seu direito viver com dignidade e paz, como o resto do mundo", disse Ihab al-Asar, de 60 anos, deslocado da cidade de Gaza, 30 quilómetros a norte.

Finalmente, "os Estados Unidos perceberam que o inimigo sionista comete massacres e realiza limpeza étnica na Palestina e na Faixa de Gaza", acrescentou. "Esperamos que Israel aceite essa decisão" da ONU, acrescentou.

Para Bilal Awad, de 63 anos, nada é menos certo. Este deslocado da cidade de Khan Yunis, a 10 quilómetros, apela para que "os Estados Unidos protejam Rafah como protegeram Israel".

"Se os Estados Unidos não pararem Israel, as suas decisões serão apenas tinta no papel", acrescentou Awad. Ele disse ainda que "assim como os Estados Unidos apoiaram Israel com todas as suas armas, aviões e todo esse poder, agora devem pará-lo à força".

E acrescentou que "eles devem garantir que Israel aceite as resoluções internacionais, caso contrário, Israel ficará fora dos quadros de segurança".

Em Rafah, Qasim Muqadad, de 74 anos, também deslocado de Khan Yunis, "espera que a decisão da ONU seja aplicada ou, caso contrário, as grandes potências usarão a sua força e autoridade, como fizeram no Iraque, na Síria e em outros lugares".

"É o que eu espero. Mas não estamos tão otimistas de que Israel aceite, porque ignorou tantas resoluções", acrescentou o idoso.

Em redor, a multidão apressa-se, preocupada à procura de alimentos na hora da quebra do jejum do ramadão.

Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU exigiu a partir de Nova Iorque um "cessar-fogo imediato" na Faixa de Gaza, uma novidade após cinco meses e meio de guerra e vários vetos dos Estados Unidos, que se abstiveram desta vez.

A guerra eclodiu em 7 de outubro após um ataque do Hamas em Israel, que deixou cerca de 1.160 mortos, a maioria civis, segundo contagem da AFP com base em dados israelitas.

As milícias islamistas também sequestraram cerca de 250 pessoas, das quais Israel acredita que cerca de 130 ainda estão detidas em Gaza, incluindo 33 que teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que até agora deixou pelo menos 32.333 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Apenas nas últimas 24 horas, 107 pessoas morreram em Gaza devido aos bombardeamentos israelitas, de acordo com a mesma fonte.