"Não irei responder a perguntas relacionadas sobre o financiamento a Vale do Lobo", afirmou Armando Vara na sua intervenção inicial na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD.
"Entendo que para salvaguarda dos meus direitos de defesa, e também de dever, não devo, por ora, me pronunciar sobre o processo Vale do Lobo", acrescentou.
Armando Vara, que está atualmente a cumprir pena de prisão em Évora por tráfico de influência, no âmbito do processo Face Oculta, disse ainda que se colocou "à disposição do parlamento" para ser ouvido, tendo já sido ouvido na primeira comissão parlamentar, em 22 de março de 2017.
No entanto, apesar de ter dito que não iria responder a perguntas sobre Vale do Lobo, Armando Vara disse que em Vale do Lobo "todos os processos regulamentares foram cumpridos", e que o financiamento foi aprovado "com agrado geral e sem qualquer objeção", por parte do Conselho de Administração da Caixa.
O também antigo ministro voltou a ainda a frisar a situação em que se encontra, tal como já tinha feito por carta, mencionando "o brutal impacto" que a situação de prisão configura, classificando-a de um "martírio" que "impede a preparação", que não teve acesso a informação e que tudo o que quiser escrever tem de o fazer "à mão".
Armando Vara - que se encontra detido desde janeiro deste ano após condenação no processo Face Oculta - foi nomeado administrador da CGD em 2006, para a equipa presidida por Carlos Santos Ferreira, tendo ambos depois transitado para o BCP em 2008.
O também antigo ministro Adjunto e da Juventude e Desporto do segundo governo de António Guterres é um dos 28 arguidos da Operação Marquês.
Dos arguidos deste processo, foram já ouvidos na comissão parlamentar de inquérito à CGD Joaquim Barroca (ex-administrador do grupo Lena) e Diogo Gaspar Ferreira (ex-administrador de Vale do Lobo).
Em 29 de maio foi dado a conhecer que o ex-primeiro-ministro José Sócrates, também arguido na Operação Marquês, responderá por escrito às questões dos deputados da comissão.
Na Operação Marquês estão também envolvidos Ricardo Salgado, Carlos Santos Silva, Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Bárbara Vara (filha de Armando Vara), Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo.
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