Se a tendência se mantiver – é pouco provável que se inverta – as inundações fluviais vão provocar a deslocação de mais 96 milhões de crianças nos próximos 30 anos, prevê a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no relatório Children displaced in a changing climate (‘Crianças deslocadas pelas alterações climáticas, numa tradução livre em português’).
De acordo com o documento, as inundações são, de longe, o fenómeno extremo ligado às alterações climáticas que está a provocar o maior êxodo em massa de pessoas, muito à frente das secas extremas, que forçaram o êxodo de 1,3 milhões, sobretudo em África, ou dos incêndios.
A agência da ONU nota ainda que, embora a China e as Filipinas liderem o número de crianças deslocadas por inundações em termos absolutos, o caso é ainda mais grave em termos de percentagem da população em Estados insulares, como a Dominica ou Vanuatu ou em estados do Corno de África, como o Sudão do Sul e a Somália.
Paradoxalmente, estes êxodos em massa são um resultado positivo do progresso tecnológico, notou a UNICEF, já que os sistemas de alerta precoce permitem antecipar as inundações e organizar as evacuações.
Mas o Fundo das Nações Unidas para a Infância alerta para o trauma que representa para as crianças o facto de deixarem as suas casas e escolas e não saberem se irão regressar.
É nos países mais pobres – o relatório cita o Haiti ou Moçambique – que as ações de mitigação do risco e adaptação são mais urgentes, porque aí a capacidade de reconstrução é mais limitada por razões principalmente financeiras.
Por esta razão, a UNICEF está a trabalhar com vários dos países em maior risco para antecipar futuras inundações e assim minimizar o risco de deslocação, com estratégias que têm particularmente em conta a população infantil.
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