Os alunos da Universidade de Lisboa (UL) e do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) têm aderido cada vez menos aos programas de testagem à covid-19 nestes estabelecimentos de ensino superior, revelaram respetivos dirigentes ao Público.

“Quando fazemos uma convocação a 100 estudantes, cerca de 33% respondem de imediato e os outros não. Isto mostra alguma resistência que existe neste momento à testagem. A resistência tem sido crescente, e é sobretudo da parte dos jovens”, afirmou João Barreiros, vice-reitor da UL, onde nas últimas cinco semanas, dos 20 mil testes feitos só 19 foram positivo

Já Pedro Dominguinhos, presidente do IPS, sublinha que, naquela instituição, a adesão caiu dos 70% para os 15%. “A única coisa que nos está a preocupar é a baixa adesão aos testes que são gratuitos, está na ordem dos 15% neste momento, não ultrapassa esse valor, todas as semanas enviamos cerca de mil marcações e só cerca de 150 respondem positivamente para fazer o teste. Nas três primeiras semanas depois do regresso presencial às aulas era maior, rondava os 70%”, confessa.

Para o vice-reitor esta “resistência” dos jovens ao programa de testagem tem várias razões, desde não quererem saber se estão infetados”, considerando “pouco vantajoso submeterem-se ao teste e estarem positivos”, ficando assim impedidos de fazer a sua normal a uma perceção de tranquilidade da situação epidemiológica do país. No entanto, João Barreiros diz que também há responsabilidade política nesta situação quando professores e funcionários do ensino superior não foram priorizados na vacinação, dando a entender que “as universidades não são problema”.

O dirigente da UL aponta ainda ao “perfil de risco” dos estudantes estrangeiros devido ao facto de estarem “deslocalizados”, tendo havido “uma incidência maior nessa comunidade”.

Para João Barreiros era importante que, “pelo menos em sítios que se entende serem de maior risco”, deveria ser obrigatório a participação nestas ações de testagem.

Esta ideia que fica dos casos destas duas instituições, de resistência dos mais jovens à participação nestas ações de rastreio, é confirmada por Fernando Almeida, presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, ao reconhecer que tem sido difícil convencer muitas pessoas a submeterem-se a testes de rastreio.

“Além da fadiga pandémica, que é compreensível, sobretudo os jovens, nos quais o impacto da doença é menor, não têm uma perceção muito clara do risco em que, sendo transmissores assintomáticos, podem estar a pôr em risco outras pessoas, que podem desenvolver formas mais graves da doença”, sublinhou.

O ensino superior será um dos focos do plano de testagem massiva que Lisboa quer implementar e que o governo confirmou na segunda-feira, face ao aumento da incidência.

“O que se vai fazer em Lisboa é reforçar de alguma maneira os mecanismos que já existem, de forma a conseguirmos testar mais gente e irmos um pouco mais longe nos elos de ligação entre pessoas confirmadas com covid-19 ou que tenham estado em contacto com uma pessoa que foi confirmada como covid-19. Sabemos bem da experiência que já acumulámos que cortar a transmissão é absolutamente essencial”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes.

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