“Da inspeção realizada, constata-se que a grande maioria das anomalias detetadas decorrem de mecanismos normais de degradação dos materiais, resultantes da exposição aos agentes ambientais e algumas carências de conservação e manutenção”, refere o documento, a que a agência Lusa teve hoje acesso.
A 22 de março registou-se um desvio num dos pilares do viaduto de Alcântara - que liga a Avenida de Ceuta às Docas, passando por cima das avenidas da Índia e Brasília -, que provocou condicionamentos de trânsito automóvel e ferroviário no local.
A Câmara de Lisboa apontou uma travagem de um veículo como a causa provável para o incidente, razão pela qual, por precaução, vai colocar pórticos para evitar a circulação de veículos pesados no local.
A autarquia solicitou à empresa Betar Consultores uma inspeção especial ao viaduto, que ocorreu a 29 e 31 de março, e foi depois complementada com uma vistoria focada nos pilares, inclusive naquele em que se registou o desvio, feita na madrugada de 04 de maio.
Num relatório agora conhecido sobre essas ações, datado de 05 de maio, lê-se que “terá ocorrido um movimento anormal” num dos pilares, que “fez com que as chapas superiores dos aparelhos de apoio dos tramos adjacentes saíssem do seu posicionamento normal”.
Isso “provocou uma situação de pré-colapso do tramo sobre a Avenida da Índia devido à precariedade do apoio de duas das quatro vigas do tabuleiro”, precisam os engenheiros responsáveis pela vistoria.
Referindo-se às anomalias detetadas, os especialistas da Betar Consultores destacam a corrosão dos aparelhos de apoio, a corrosão na base e no topo dos pilares, o desgaste da guarda de segurança que separa a parte nascente e poente do viaduto, assim como a acumulação de lixo e de sedimentos nas caleiras existentes nas juntas intermédias sobre os pilares, que visam assegurar a drenagem.
Falam também em marcas de escorrência de água e de betuminoso e do descasque da pintura em certas zonas, isto no que toca ao tabuleiro, e ainda no levantamento do piso betuminoso nalguns locais.
Os engenheiros civis aconselham, assim, à reparação de “alguns parafusos de ligação das chapas do tabuleiro ao pavimento”, onde se verificaram roturas, repondo “os parafusos em falta e o respetivo tratamento anticorrosivo”.
“Também se observam algumas zonas do tabuleiro com fendilhação e descasque da pintura de proteção anticorrosiva, devendo-se proceder à reposição desta proteção nas zonas afetadas”, indicam.
Ao mesmo tempo, “atendendo aos registos de posicionamento dos aparelhos de apoio, recomendamos que sejam feitas medições regulares das suas posições, nomeadamente naqueles em que foram medidos desvios significativos em relação à posição normal de apoio entre as chapas”, concluem.
Esta estrutura, que nasceu como uma solução provisória no início da década de 70, foi reabilitada em 2005, quando Pedro Santana Lopes (PSD) era presidente da Câmara Municipal.
Os trabalhos, orçados em 1,5 milhões de euros, incluíram a colocação de piso antiderrapante, o reforço das estruturas com chapas metálicas e a beneficiação geral da infraestrutura.
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