“Não terei nenhum problema se tiver que fazer uma chapa [campanha] com Alckmin para ganhar as eleições e governar este país”, disse Lula da Silva numa conferência de imprensa que concedeu a blogs e jornalistas de sites independentes, ligados ao campo ideológico da esquerda brasileira.
“A única coisa que não posso dizer é o que vou fazer porque Alckmin tem que definir para qual partido vai, temos que ver se o partido que ele vai [se filiar] estará disposto a fazer aliança com o Partido dos Trabalhadores”, acrescentou o ex-presidente brasileiro.
Questionado diversas vezes sobre o tema, Lula da Silva lembrou que será preciso unir diferentes correntes para ganhar as eleições presidenciais e governar o Brasil, que disse estar a ser devastado por “políticas de destruição” do atual Presidente, Jair Bolsonaro.
Esta é a primeira vez que Lula da Silva defende publicamente uma aliança com Alckmin, que derrotou na segunda volta das eleições de 2006 e que, até há algumas semanas, era militante do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de centro-direita.
Hoje, Alckmin ainda está sem partido e ainda crescem as especulações sobre concorrer à vice-presidência com Lula da Silva, antes das eleições presidenciais de outubro.
Lula da Silva, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, reconheceu que há entre si e o ex-governador divergências e visões de mundo diferentes, mas frisou que isso não o impediria de construir uma aliança baseada nas convergências.
“Não sou candidato a ser protagonista, sou candidato a vencer as eleições num momento em que o Brasil está infinitamente pior do que quando tomei posse em 2003” e “precisamos construir alianças”, afirmou.
De acordo com todas as sondagens de opinião divulgadas até o momento, Lula da Silva é o claro favorito para as eleições presidenciais de outubro com mais de 40% das intenções de voto.
No entanto, o líder da esquerda brasileira disse que ainda não tomou uma decisão final sobre sua candidatura. frisando que concorrer à Presidência só tem sentido para si se “tiver um compromisso de fé” em ajudar os mais pobres.
“Não posso querer ser Presidente para resolver o problema do sistema financeiro, o problema dos empresários, o problema daqueles que ficaram mais ricos na pandemia. Só tem uma razão de eu ser candidato a presidente da República, tentar provar que esse povo pode voltar a ser feliz”, afirmou.
“Esse país não é meu, não é seu. Ele é nosso. E envolve os negros, os índios, os desempregados, gente que mora nas periferias. É esse o povo que tem que ajudar a dizer em qual país nós queremos crescer (…) Eles também serão ouvidos, mas eles têm que aprender que existem outros setores importantes para decidir qual Brasil nós vamos querer”, concluiu o ex-presidente.
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