Macron apelou ao “apaziguamento construtivo” e à procura de uma solução política, mas recordou o resultado dos três referendos que confirmaram a manutenção do estatuto do arquipélago do Pacífico Sul como território ultramarino francês.
“O apaziguamento não pode ser um regresso ao passado. O apaziguamento não pode ser o desrespeito da expressão popular que já foi realizada. O apaziguamento não pode ser a negação de alguma forma de um caminho que já foi feito”, afirmou o chefe de Estado.
“No entanto, devemos trazer todas as partes interessadas de volta à mesa”, defendeu Macron, numa reunião com os representantes eleitos e os principais empresários da Nova Caledónia, no Alto-Comissariado da França do arquipélago.
O Presidente francês aterrou no aeroporto de Numeá esta manhã, pelas 08:20 locais (22:20 de quarta-feira em Lisboa) para tentar restabelecer o diálogo e acelerar o regresso à ordem no arquipélago, após uma semana de violência.
Macron deverá instaurar uma missão composta por três altos responsáveis, que se manterá “enquanto for necessário” e “terá como objetivo promover o diálogo político local para alcançar um acordo político global”, indicou o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, no Senado, na quarta-feira.
Desde o início dos distúrbios, morreram seis pessoas, entre as quais dois guardas nacionais de unidades móveis.
Cerca de 86 polícias e guardas nacionais ficaram feridos, disse na quarta-feira o ministro das Autoridades Locais e Regionais francês, Dominique Faure.
Das 320 pessoas detidas pelas forças de segurança, 269 ficaram sob custódia policial e 35 foram libertadas. Além disso, a polícia emitiu 17 mandados de detenção, explicou também na quarta-feira o procurador público de Numeá, Yves Dupas.
Estes tumultos, os mais graves registados na Nova Caledónia desde os anos 1980, foram desencadeados por uma reforma eleitoral promovida por Paris, que altera o recenseamento, retirando peso aos povos autóctones, o que indignou os independentistas.
A 15 de maio, a Assembleia Nacional francesa aprovou um projeto de lei que, entre outras alterações, permite que os residentes na Nova Caledónia há dez anos possam votar nas eleições provinciais.
Os opositores dizem que a medida beneficiará os políticos pró-França na Nova Caledónia e marginalizará ainda mais o povo indígena Kanak, no passado alvo de uma política de segregação rigorosa.
Entre 2018 e 2021, a França organizou três referendos, nos quais a maioria dos eleitores optou por continuar a fazer parte de França, em vez de apoiar a independência. O povo Kanak rejeitou os resultados do último referendo, que boicotou por ter sido realizado no pico da pandemia de covid-19.
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