Esta questão surgiu durante uma visita à Liga Portuguesa dos Deficientes Motores, em Lisboa, onde o chefe de Estado viu uma exposição de pintura e destacou um dos quadros, da autoria de Pedro Almeida, um jovem que pinta com uma caneta colocada num capacete adaptado.
O quadro era composto por vários rostos, pintados a preto, dentro de quadrados. Tendo ao seu lado o jovem, numa cadeira de rodas, e uma responsável daquela instituição, o Presidente elogiou-o: "É um artista, muitos parabéns. As obras dele já devem estar caríssimas".
"Nós gostaríamos que estivessem valorizadas", retorquiu prontamente a responsável da instituição. "É? Estão caras? Então não posso comprar, porque o Presidente da República ganha pouco", observou então, em tom descontraído, Marcelo Rebelo de Sousa.
No final desta visita, que aconteceu por ocasião dos 60 anos da Liga Portuguesa dos Deficientes Motores, a comunicação social questionou o Presidente da República, começando por lhe perguntar se vai comprar algum quadro desta exposição.
"Eu vou comprar, mas não em público", respondeu o chefe de Estado, revelando que antes desta visita já lhe tinha sido oferecido um quadro de um dos pintores.
Depois, a comunicação social perguntou-lhe se pensa que o Presidente da República ganha pouco.
"Não é ganhar pouco, quer dizer, ganha o que deve ganhar, mas tem de gerir com muito cuidado a sua economia, tem de dar o exemplo de parcimónia nas finanças públicas", esclareceu Marcelo Rebelo de Sousa.
Confrontado com o facto de ser o segundo Presidente da República a referir-se ao valor dos seus rendimentos, acrescentou: "Sim, mas eu acho que o que ganho é justo. Agora, tenho de ter cuidado na gestão, para dar o exemplo ao Estado".
"Nós temos contenção no défice, eu tenho de ter contenção também no meu défice", reforçou.
Nesta sessão comemorativa dos 60 anos da Liga Portuguesa dos Deficientes Motores esteve também presente, a convite desta instituição, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, que é candidata à presidência da Câmara Municipal de Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou a sua presença, no final de um discurso de cerca de dez minutos, e subscreveu um artigo recente da presidente do CDS-PP: "Eu estava a olhar ali para a doutora Assunção Cristas e a concordar com uma prosa que ela escreveu e que falava da radicalidade do amor".
"Esta obra é o exemplo de radicalidade no amor, porque o verdadeiro amor é radical. Radical na modéstia, radical na humildade, radical na aceitação dos outros, radical no serviço da comunidade", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, referindo-se à Liga Portuguesa dos Deficientes Motores.
O chefe de Estado enalteceu o trabalho da presidente desta instituição, Maria Guida de Freitas Faria, e anunciou que vai condecorá-la: "Desde já anuncio que vai ser condecorada com a comenda da Ordem do Mérito".
Antes de entrar no carro, Marcelo Rebelo de Sousa tirou inúmeras fotografias, incluindo com Maria Guida Faria, filhas e netas, e Leonor Beleza, que preside ao Conselho de Curadores da Liga Portuguesa dos Deficientes Motores.
Quando o grupo estava já perfilado, Maria Guida Faria chamou para a fotografia Assunção Cristas, e o Presidente da República manifestou-se feliz por posar com tantas mulheres: "É a felicidade, é a antecipação do paraíso".
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