“Esta comunidade de 700 [portugueses] vale por toda a comunidade espanhola e ainda mais. Perceberam o vosso mérito? Isto é Portugal, isto é Portugal em todo o mundo”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Este encontro, no salão de um hotel em Quito, foi o último ponto do programa do chefe de Estado no Equador, antes de viajar de regresso a Portugal, depois de ter participado na 29.ª Cimeira Ibero-Americana, em Cuenca, entre quinta e sexta-feira.
Na sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa relatou que durante a cimeira de Cuenca conversou com o presidente equatoriano, Daniel Noboa, sobre a comunidade portuguesa neste país: “Ele sabe. Até sabe que não é aqui [em Quito] que ela se encontra sobretudo concentrada, e até sabe que uma parte tem uma tradição mais antiga, ligada à pesca”.
Sobre os cortes de eletricidade diários no atual contexto de crise energética no Equador, provocada por uma seca prolongada, o presidente da República comentou que “não é fácil” passar por isso e elogiou “a capacidade da resistência que têm os portugueses”.
“A partir de dezembro isso vai passar”, referiu.
O chefe de Estado mencionou que há 700 portugueses registados no Equador e agradeceu às cerca de 100 pessoas presentes por se terem deslocado até este hotel em Quito, num sábado de manhã, vindos “de todo o país”, uns de automóvel, outros de avião, “só para estarem com o seu presidente”.
“E eu estar com os meus compatriotas, de que tanto me orgulho”, completou.
Marcelo Rebelo de Sousa chamou ao palco de onde discursava duas crianças que estavam na assistência, Leo, de 9 anos, filho de mãe portuguesa e pai equatoriano, e Fiorella, de 8, cujo pai emigrou para a Madeira, onde trabalhou numa empresa de cervejas, e adquiriu nacionalidade portuguesa.
“Temos aqui dois exemplos do que é Portugal presente no Equador. Ele, pequenino, fala as duas línguas”, declarou, acrescentando que Fiorella ainda “fala só uma, mas há de vir a falar português um pouco”.
“Isto é o futuro de Portugal aqui no Equador”, exclamou.
A mãe de Fiorella, Patricia, dirige a Orquestra Sinfónica de Guayaquil e está a tratar do processo para ter também a nacionalidade portuguesa. A família pensa viver na Madeira ou no Porto.
Juntaram-se neste encontro pessoas com histórias muito distintas, umas nascidas no Equador, como a família de Fiorella, outras em Portugal, como Rogério, que trabalha na capital em investigação farmacêutica, Teresa, que da Madeira foi para a Venezuela e de lá para a Amazónia equatoriana, e Rodolfo, empresário, lesado do Banco Espírito Santo (BES), que vive em Quito.
Aos portugueses vindos da Venezuela, o presidente deixou “uma palavra especial” e falou sobre a posição de Portugal face às recentes eleições nesse país, considerando que “tem sido exemplar”, não aceitando “aquilo que é apresentado como oficial” sem ver “as provas”, mas sem se precipitar “na tomada de posições”.
A embaixadora de Portugal não residente no Equador, Catarina Arruda, manifestou solidariedade a esta comunidade: “Quero garantir que, ainda que a partir de Bogotá, estamos à vossa inteira disposição, a Embaixada de Portugal, para tudo o que necessitem e que possa estar ao nosso alcance”.
Em nome do Governo, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, deixou a seguinte mensagem: “Sabemos que as condições de vida aqui têm sido mais difíceis do que já foram no passado, têm sido mais exigentes e, portanto, que nós temos de ter mais atenção aos portugueses que vivem no Equador”.
“É esse sinal que o Governo quer dar: seja muito grande ou muito pequena a comunidade portuguesa, ela tem de ser sempre objeto de atenção”, reforçou.
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