Marcelo Rebelo de Sousa discursava na sessão de encerramento de um encontro promovido pelo Movimento Unidos contra o Desperdício, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, para assinalar o Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar.
Segundo o chefe de Estado, em termos de enquadramento jurídico “os passos estão dados” e em Portugal “há diagnóstico e consciência do problema”.
“Entre nós, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) dizem que só num ano, em 2020, desperdiçámos 1,89 milhões de toneladas de alimentos, que cada português desperdiçou em média 183 quilos de alimentos”, referiu.
O Presidente da República acrescentou que “Portugal é o quarto país da União Europeia que mais comida desperdiça por pessoa, quase 60 quilos acima da média europeia, e há quase 400 mil pessoas com carências alimentares em Portugal”.
“Então, o que é que falta fazer? Falta, no fundo, e falta para cada um de nós — é um daqueles casos em que não vale a pena responsabilizar terceiros, a culpa é nossa, de todos nós –, falta mais ambição ainda”, considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa mencionou que “a maioria do desperdício alimentar ocorre em casa” e que é possível evitá-lo “aprendendo a ler os rótulos com os prazos de validade dos alimentos e armazenando-os corretamente”.
No plano político-legislativo, realçou que “há uma estratégia nacional de combate ao desperdício alimentar, desde 2018, e um novo regulamento jurídico que entrará em vigor no próximo ano, que vai obrigar empresas do retalho alimentar, indústria produtiva, lojas e restaurantes a não descartarem alimentos que ainda estejam aptos para consumo, doando-os”.
A redução do desperdício alimentar é um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas, que desde há três anos assinalam nesta data o Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar.
O Presidente da República subscreveu a afirmação do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, de que “o desperdício alimentar é uma afronta moral” num mundo em que “860 milhões de pessoas continuam a passar fome”.
Salientando o atraso na concretização deste e de outros objetivos de desenvolvimento sustentável, defendeu: ”Por isso mesmo, devemos ser firmes, determinados, voluntariosos na sua realização, isso só é possível se cada um de nós se empenhar em fazer a diferença no próprio quotidiano adotando esse imperativo ético”.
“Falta ainda mais empenho para cumprir o desafio lançado pelo secretário-geral das Nações Unidas há três anos, para que os portugueses cumpram esse imperativo ético no seu dia a dia, no seu quotidiano”, reforçou.
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