Intervindo num debate na câmara dos deputados (câmara baixa do parlamento italiano) sobre o Conselho Europeu de quinta e sexta-feira em Bruxelas, após já o ter feito na véspera perante o Senado (câmara alta), Meloni, ao abordar a guerra na Faixa de Gaza, começou por sublinhar que “é importante recordar quem iniciou o conflito”, referindo-se ao ataque lançado pelo movimento islamita Hamas em Israel a 07 de outubro passado, mas acrescentou que “há algumas coisas que precisam de ser feitas”, designadamente para pôr fim ao que “está a acontecer em Gaza”.
Meloni disse então recear “que Israel se isole cada vez mais”, face à tragédia humanitária que se verifica em Gaza, onde o número de vítimas mortais da campanha de retaliação israelita já superou as 31 mil, na sua grande maioria civis, segundo o Hamas, que controla o território desde 2007.
“Também no interesse de Israel, devemos reiterar claramente a nossa oposição a uma operação militar terrestre em Rafah, que poderia ter efeitos catastróficos”, advertiu, juntando-se às muitas vozes na cena internacional que exortam Israel a não avançar com essa ofensiva no sul da Faixa de Gaza, onde se concentram mais de um milhão de palestinianos.
Meloni deplorou, no entanto, que Israel já esteja a ser discriminado em diversas instâncias, incluindo em Itália, considerando “preocupante” que a Universidade de Turim tenha decidido não participar num concurso científico com Israel, em protesto contra as mortes de civis em Gaza, depois de organizações de esquerda pró-palestinianas terem ocupado o edifício do Senado universitário.
“Se as instituições se curvarem a estes métodos, corremos o risco de ter muitos problemas”, disse, manifestando preocupação com “uma grave e preocupante onda de antissemitismo”, mesmo na opinião pública italiana.
Ainda em matéria de política externa, e tendo em vista a cimeira de líderes da União Europeia (UE) que arranca na quinta-feira em Bruxelas, Meloni desvalorizou a polémica dos dois últimos dias relativamente às divergências no seio do governo de coligação relativamente à Rússia e à Ucrânia, depois de um vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini (líder da Liga) ter saudado a reeleição do Presidente russo, Vladimir Putin, enquanto a primeira-ministra, líder dos Irmãos de Itália, e o outro vice-primeiro-ministro e chefe da diplomacia, Antonio Tajani (Força Itália), terem considerado as eleições uma “farsa”.
Com Salvini a seu lado, e após um abraço entre ambos perante o hemiciclo, Meloni disse que “o que conta são as decisões e os votos” dos partidos — de direita e extrema-direita que formam a coligação governamental -, e sublinhou que “o Governo italiano tem uma posição clara e, na UE, conseguiu assegurar a revisão do orçamento plurianual que permite apoiar a Ucrânia nos próximos quatro anos”.
Meloni desafiou a coligação de esquerda, formada pelo Partido Democrático (família socialista europeia) e Movimento Cinco Estrelas (populistas), a mostrar idêntica unidade, explorando as perspetivas diferentes entre os dois partidos relativamente ao apoio militar à Ucrânia, defendido pelo primeiro, mas que tem a oposição do movimento de Giuseppe Conte.
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