Em conferência de imprensa para apresentação das propostas de alteração ao relatório preliminar da comissão de inquérito, o líder do Chega quis começar por comentar as declarações de Pedro Adão e Silva, que considerou “desagradáveis e sem sentido”.
André Ventura considerou também que se tratou de um “desrespeito do Governo para com o parlamento” e salientou que “é o Governo que responde perante o parlamento” e que o “ministro deveria ter tido isso presente”.
“Lamento muito que o senhor ministro não tenha tido a decência e o bom senso – mesmo relativamente aos deputado do PS que se manifestaram, como o presidente da comissão de inquérito – de fazer um pedido de desculpas ao parlamento, que era o que devia ter acontecido”, afirmou.
O ministro da Cultura reiterou esta manhã as críticas à forma como decorreram os trabalhos da comissão de inquérito à TAP, recusando “suspender o espírito crítico” sobre o funcionamento da Assembleia da República.
Pedro Adão e Silva falava aos jornalistas sobre a polémica em torno da entrevista que deu à TSF e ao Jornal de Notícias, em que considerou ter havido deputados a agir como “procuradores do cinema americano de série B da década de 80” na comissão de inquérito à TAP.
O presidente do Chega considerou que o ministro “podia suspender o seu sentido de ignorância”, acusando-o de não “conhecer os poderes de uma comissão parlamentar de inquérito”.
Na sequência da entrevista, no domingo o presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considerou, em declarações à Lusa, que as afirmações do ministro foram uma “falta de respeito” e uma “caracterização muito injusta” do trabalho dos deputados, pedindo que se retrate.
O ministro da Cultura disse hoje acreditar que a sua opinião sobre os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito à TAP “é partilhada por muitos portugueses”, considerando que “houve alguns momentos que não edificam a democracia”.
“Estamos a abrir portas para uma lógica de ‘reality show’ que degrada todas as instituições e isso foi particularmente visível no funcionamento desta comissão parlamentar de inquérito e na sua transmissão posterior com um longo comentário televisivo”, frisou.
Nesta conferência de imprensa, o presidente do Chega referiu-se ainda ao ‘cartoon’ transmitido pela RTP alusivo à polícia e ao racismo e criticou a explicação da Spam Cartoon – responsável pelo ‘cartoon’ em questão — de que “não tem nada a ver com a PSP nem com a realidade portuguesa” e prende-se com a atualidade internacional, nomeadamente a morte de um jovem francês “às mãos da polícia”.
“Nada na descrição daquele cartoon remete para a polícia francesa”, afirmou Ventura, considerando que “ficou no ar para 99,9% da população que se tratava de um ataque às forças de polícia e segurança portuguesas, acusando-as de suposto racismo”, e alegou que o “objetivo foi atacar e gozar com a polícia”.
Lembrando que o partido propôs a audição no parlamento do conselho de administração da RTP e da ERC, o presidente do Chega considerou que são necessários “mais esclarecimentos” e apelou aos órgãos de comunicação social “alguma cautela” com conteúdos “deste tipo que com muita facilidade podem incendiar o espaço público”.
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