Segundo explicou à agência Lusa o advogado Miguel Matias, em relação a todos os processos transitados ou não em julgado, “os efeitos criminais extinguem-se com a morte”.
“Todos os processos que já tinham sido julgados e em que ainda não havia (…) decisão extinguem-se. Nos que já havia condenação transitada em julgado, como foi o que originou o pedido de extradição, também se extingue a pena, por força da morte, mas isto apenas relativamente a João Rendeiro”, afirmou.
O advogado, especialista em Direito Penal, explicou que isto apenas acontece relativamente às responsabilidades criminais de João Rendeiro, e não aos restantes arguidos nos processos.
“Todas as circunstâncias relativas à responsabilidade criminal extinguem-se relativamente a João Rendeiro, mas como há processos onde há mais arguidos, continuam os processos relativamente aos restantes”, explicou.
Já do ponto de vista civil, Miguel Matias explicou ainda: “Convém saber o que é a herança de João Rendeiro e se, porventura, os seus herdeiros vierem a receber montantes relacionados com esta herança, se existirem responsabilidades de João Rendeiro, serão responsáveis até ao limite daquilo que tiverem recebido”.
O antigo presidente do BPP João Rendeiro foi encontrado morto na cadeia onde estava detido, em Durban, na África do Sul, onde aguardava uma decisão sobre o processo de extradição para Portugal.
O ex-banqueiro tinha sido condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do Banco Privado Português (BPP), tendo o tribunal dado como provado, num deles, que retirou do banco 13,61 milhões de euros.
Das três condenações, apenas uma já tinha transitado em julgado (cinco anos e oito meses por falsificação informática).
A última condenação ocorreu em setembro do ano passado, quando Rendeiro foi condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva, num processo por burla qualificada. Depois disso, esteve fugido à justiça até ser apanhado, em dezembro, na África do Sul.
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.
O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, bem como processos relacionados com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancária.
O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.
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