É a organização de Taekwondo mais antiga no mundo inteiro. Foi fundada em 1966 por Choi Hong-Hi , um general sul-coreano, em Pyongyang, na Coreia do Norte.

Está presente em, pelo menos, 100 países e conta com mais de 100 mil membros em todo o mundo. O seu papel é organizar campeonatos e enviar certificados aos professores que ensinam taekwondo coreano.

No entanto, esta instituição não é reconhecida pelo Comité Olímpico Internacional, que tem como interlocutor o concorrente sul-coreano da ITF, a Federação Mundial de Taekwondo (WT). Foi criada em 1980 e segundo o Comité Olímpico Internacional, as "regras, práticas, e atividades" estão "de acordo com a Carta Olímpica.

Suspeitas

De acordo com uma decisão judicial de julho de 2024, consultada pela AFP, a Áustria emitiu uma ordem de saída contra o presidente da ITF, Ri Yong Son, em março de 2020. O motivo seria a renovação da sua permissão de trabalho que "prejudicaria a reputação" de Viena.

Ri Yong Son é suspeito de ter "canalizado moeda estrangeira para o regime norte-coreano" embora, oficialmente ,o seu salário bruto fosse de 5,256 euros, em maio de 2024.

Após uma longa batalha judicial, foi concedido ao norte-coreano, que se recusou a responder às perguntas da AFP, o direito de permanecer no país. O Tribunal Administrativo de Viena considerou que o Governo não tinha conseguido provar o financiamento oculto.

A ITF considera-se exonerada e afirma não ter "nenhum contacto com o Estado norte-coreano". "Não há violação das sanções da ONU" contra o país, disse uma fonte da organização à AFP.

No entanto, Jihyun Park, que fugiu da Coreia do Norte antes de encontrar refúgio no Reino Unido, discorda. Ri Yong Son "não é definitivamente um desportista". "Ele, a sua mulher e o seu filho são agentes", disse a norte-coreana à AFP.

Jihyun Park diz que é "urgente" que a IFT saia de Viena, enquanto Pyongyang aprofunda a cooperação com Moscovo.

Os aliados assinaram um acordo de defesa, que entrou em vigor no início de dezembro, e mais de 10 mil soldados norte-coreanos foram enviados para o combate na Ucrânia, segundo agências de inteligência ocidentais.

Passaportes

Por não ter atingido o objetivo, a Áustria presta agora mais atenção aos vistos que emite. Outro cidadão norte-coreano, que iria fazer parte do comité da associação, nunca recebeu o visto. A ITF forneceu esta informação à AFP, para demonstrar que não atua escondida e está sob vigilância.

O diretor dos serviços de inteligência austríacos, Omar Haijawi-Pirchner, confirmou que presta atenção "particular" à Coreia do Norte, assim como à Rússia, Irão, e China. No entanto, para o especialista Siegfried Beer, o pequeno país da Europa Central (9,2 milhões de habitantes) "não tem os meios para investigar seriamente" possíveis atividades clandestinas.

"Há uma falta de pessoal e de experiência, sem falar nas habilidades linguísticas", diz Beer.

Várias organizações internacionais estão sediadas em Viena, que oferecem imunidade diplomática e cobertura para reuniões secretas.

A imprensa local suspeita que a Coreia do Norte imprimiu passaportes na Áustria durante anos, onde Kim Kwang-sop, cunhado do fundador da Coreia do Norte, foi embaixador durante 27 anos, até 2020.