A informação foi hoje divulgada pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), um dia depois de a Guarda Costeira de São Tomé ter emitido um comunicado em que diz ter recorrido a apoio internacional para responder a “um recrudescer de atos piratas de caris violento” nas suas águas nacionais.
De acordo com o EMGFA, o Zaire esteve envolvido em várias ações de combate à pirataria na Zona Económica Exclusiva (ZEE) de São Tomé na última semana.
“No dia 7 de fevereiro, a pedido da Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe, o Zaire foi ativado, para prestar auxílio ao navio mercante Sea Phantom, que estava a ser alvo de um ataque de piratas, a cerca de 120 quilómetros a nordeste da Ilha do Príncipe. Quando se encontrava a navegar para a posição do ataque, foi informado que o Sea Phantom já não necessitava de auxílio e que se iria dirigir para os Camarões”, relata o comunicado do EGMFA.
Um dia depois, houve informação “de novos ataques em curso, a dois navios mercantes (Seaking e Madrid Spirit), numa posição a cerca de 100 quilómetros a sudeste da ilha de São Tomé”, tendo-se o Zaire dirigido imediatamente para o local, onde “iniciou patrulha por forma a garantir a segurança da navegação e dissuadir os ataques dos piratas”.
No dia 9 de fevereiro, o Zaire realizou o acompanhamento do navio mercante African River, de bandeira portuguesa, que atravessou a área e se encontrava em trânsito para o Porto Gentil no Gabão e, um dia depois, prestou auxílio ao navio mercante Maria E, “que tinha sofrido um ataque na véspera, e cuja tripulação se encontrava refugiada na cidadela do navio”.
“O Maria E foi acompanhado pelo Zaire durante mais de 13 horas e 250 quilómetros até efetuar a passagem em segurança a uma Fragata da Guiné Equatorial, país para o qual o navio mercante se dirigia”, precisa o Estado-Maior-General das Forças Armadas.
No dia 11 de fevereiro, prossegue o comunicado, o navio português “detetou e acompanhou a embarcação de pesca LIANG PENG YU até entrar em águas territoriais do Gabão”, que tinha sido alvo de um ataque de piratas que raptaram dez dos seus 14 tripulantes.
Na sexta-feira, o Zaire continuou a sua patrulha, tendo regressado no sábado à Baía de Ana Chaves.
“O navio português, atualmente operado por uma guarnição mista, constituída por militares portugueses e santomenses, prossegue a sua missão de capacitação da Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe, ilustrando a importância da cooperação bilateral entre estes dois países lusófonos, contribuindo, através de um esforço conjunto, para a segurança na região”, destaca o comunicado do EGMFA.
No sábado, um comunicado da Guarda Costeira são-tomense, a que a Lusa teve acesso, referia-se a “incidentes graves de pirataria nas águas sob sua jurisdição”, em três dias consecutivos, a poucas milhas do arquipélago, mencionando igualmente ao apoio do navio português.
A Guarda Costeira diz ter sido, por isso, obrigada a “mover ações concretas junto das autoridades competentes nacionais” à procura de apoios “a nível regional e com parceiros internacionais”.
Este apoio, de acordo com o comunicado, destina-se “a que, de forma rápida e efetiva, São Tomé e Príncipe possa ser apoiado no combate a esta praga que ameaça cortar linhas marítimas de navegação internacional, assim como linhas que dão acesso as ilhas”.
Em dezembro, quando esteve em São Tomé, o ministro da Defesa português, João Gomes Cravinho, afirmou que o navio português Zaire, a operar naquela região há três anos, tem já fama mundial no combate à pirataria, sendo elogiado por países como a China.
O navio Zaire, da Marinha Portuguesa, tem como principais missões reforçar a vigilância e a fiscalização dos espaços marítimos de São Tomé e Príncipe, a segurança marítima do Golfo da Guiné e a capacitação da guarda costeira deste país de língua portuguesa.
Comentários