O aviso, feito durante uma visita a uma base aérea, aconteceu um dia após o Irão ter anunciado que ultrapassou o nível de enriquecimento de urânico determinado pelo acordo do nuclear, assinado em 2015 pelo Irão, os Estados Unidos, a China, a Rússia e países da União Europeia.
O Irão “deve lembrar-se que estes aviões conseguem alcançar qualquer local do Médio Oriente, incluindo o Irão e, com toda a certeza, a Síria”, disse Netanyahu depois de se colocar em frente ao caça.
O primeiro-ministro de Israel já tinha pedido, no fim de semana, às potências mundiais que aplicassem “sanções imediatas” ao Irão assim que fosse ultrapassado o nível de enriquecimento de urânio.
Para Benjamin Netanyahu, o enriquecimento de urânio só pode ter como objetivo a criação de bombas atómicas, pelo que os líderes ocidentais devem cumprir o combinado e impor novas sanções ao Irão.
Na Europa, a chefe da diplomacia europeia e os ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Alemanha e Reino Unido (os países da EU que são signatários do acordo) exigiram que o Irão volte a respeitar os limites de enriquecimento de urânio, admitindo estarem “profundamente preocupados”.
Entretanto, a Presidência de França anunciou que o conselheiro diplomático francês Emmanuel Bonne visita Teerão hoje e quarta-feira para reunir-se com as autoridades iranianas e tentar diminuir a tensão à volta do acordo nuclear.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou na segunda-feira que o Irão ultrapassou o nível de enriquecimento de urânio permitido.
“Os inspetores da agência verificaram, em 8 de julho, que o Irão enriqueceu urânio acima dos 3,67% [grau máximo de enriquecimento de urânio permitido pelo acordo]”, disse um porta-voz da AIEA, citado num comunicado.
A nota informativa da AIEA foi divulgada horas depois de as autoridades de Teerão terem anunciado estarem a produzir urânio enriquecido em pelo menos 4,5%, em resposta ao restabelecimento das sanções por parte dos Estados Unidos.
Para avaliar os últimos desenvolvimentos relativos ao acordo nuclear com o Irão, o conselho dos governadores da AIEA, cuja sede é em Viena, terá uma reunião extraordinária na quarta-feira.
O acordo do nuclear foi assinado em Viena, em 2015, entre o Irão e seis grandes potências mundiais (França, Reino Unido, Alemanha, China, Rússia e Estados Unidos), após 12 anos de crise à volta do programa nuclear iraniano.
Segundo o documento, o Irão compromete-se a não se dotar de bomba atómica e a limitar drasticamente as suas atividades nucleares em troca do levantamento de sanções internacionais que asfixiavam a sua economia.
Em maio de 2018, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu retirar-se unilateralmente do acordo e restabelecer sanções ao Irão, incluindo no setor petrolífero.
Trump justificou a saída deste pacto ao acusar o Irão de nunca ter renunciado a dotar-se de uma arma atómica (enquanto Teerão sempre desmentiu esta acusação) e de ser a origem de todos os problemas no Médio Oriente.
As novas sanções dos EUA provocaram uma fuga das empresas estrangeiras do Irão, que tinham regressado após o acordo, fazendo cair a economia iraniana numa grave recessão.
Um ano depois, o Irão, considerando que tinha sido muito paciente, mas que os restantes signatários não tinham tomado qualquer medida face à decisão dos EUA, resolveu quebrar o compromisso e anunciou que iria voltar a investir no enriquecimento de urânio.
Teerão ameaçou ainda livrar-se de outras obrigações em matéria nuclear nos próximos “60 dias”, a menos que uma outra solução seja encontrada, com os seus parceiros do acordo sobre o programa nuclear iraniano, para responder às suas exigências.
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