“Caros presidentes! As vossas negociações vão continuar, as negociações das vossas delegações vão continuar. Por favor, devolvam os civis”, escreveu Muratov, chefe de redação do jornal Novaya Gazeta, numa carta aberta aos líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

De acordo com Muratov, as partes deveriam trocar os defensores do “mundo russo” detidos nas prisões ucranianas por críticos da guerra na Ucrânia que foram presos na Rússia.

Para Muratov é “altura de começar” trocas de civis que, até à data, não foram efetuadas.

“Devolvam-nos enquanto ainda estão vivos. Comecem pelos menores, pelas mulheres, pelos doentes e pelos que têm filhos a cargo”, propôs.

A Rússia anunciou no domingo que 303 soldados russos capturados foram trocados pelo mesmo número de militares ucranianos, naquela que foi a terceira e última fase de uma troca recorde de prisioneiros entre Kiev e Moscovo.

“Conforme o previsto nos acordos russo-ucranianos assinados em Istambul em 16 de maio, os lados russo e ucraniano realizaram uma troca de 1.000 por 1.000 entre 23 e 25 de maio”, disse o Ministério da Defesa russo em comunicado.

A troca de prisioneiros também foi assinalada por Volodymyr Zelensky, que na rede social X escreveu que “os defensores ucranianos estão em casa” e que “a terceira parte do acordo de 1.000 por 1.000, assinado na Turquia, foi concluída”.

No sábado, 307 prisioneiros de guerra russos foram trocados pelo mesmo número de militares ucranianos, anunciaram Kiev e Moscovo.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, apelou hoje a “um cessar-fogo abrangente que ponha fim à matança e destruição diárias” na Ucrânia, após mais uma vaga de ataques mortais da Rússia.

Para a ONU, os ataques dos últimos dias – com um número recorde de lançamentos de ‘drones’ por parte da Rússia – realçam a urgência de avançar para uma resolução pacífica para o conflito.

Uma “solução sustentável”, nas palavras de Turk, passa por “colocar a população e os seus direitos humanos” acima de quaisquer outras considerações políticas ou militares.

Neste sentido, o alto comissário das Nações Unidas pediu cuidados acrescidos com os prisioneiros de guerra, as crianças vítimas de realojamentos forçados e as pessoas que vivem em “territórios ocupados”.

Turk elogiou a recente troca de 2.000 pessoas — 880 prisioneiros de guerra e 120 civis de cada lado — referindo que “muitas famílias podem agora respirar de alívio porque os seus entes queridos finalmente regressaram a casa”.

O Gabinete de Direitos Humanos da ONU reportou a morte de mais de 13.100 civis desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, embora o número real possa ser superior devido à dificuldade em aferir vítimas em áreas inacessíveis.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.