Numa breve nota enviada à Lusa, a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, SA, reafirma “que está a colaborar com as autoridades aeronáuticas nesta investigação” e que está a “implementar todas as recomendações vindas do GPIAAF”.
De acordo com uma nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), a que a agência Lusa teve hoje acesso, a investigação identificou erros e falhas na manutenção do avião da Air Astana, que em novembro do ano passado aterrou de emergência em Beja, após descolar de Alverca com os cabos de comandos dos 'ailerons', direito e esquerdo, trocados.
“Durante a fase inicial e de recolha de dados da investigação, foram examinados em detalhe os controlos de voo da aeronave, tendo sido confirmada a incorreta instalação do sistema de cabos de comando dos 'ailerons' [controlam os movimentos de rolagem da aeronave com a atuação dos dois comandos de controlo, ou através do piloto automático], em ambas as semi-asas”, refere uma nota informativa do GPIAAF.
O Embraer 190-100 descolou às 13:31 de 11 de novembro da base militar de Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, depois de realizar trabalhos de manutenção programada nas instalações da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, SA, e aterrou de emergência em Beja, pelas 15:28.
O avião, com um piloto, dois copilotos e três técnicos da companhia aérea do Cazaquistão a bordo, sobrevoou a região a norte de Lisboa e o Alentejo, numa trajetória irregular e “fora de controlo por alguns instantes, em vários momentos”, antes de ter sido tomada a decisão de aterrar em Beja.
Atendendo “à criticidade da situação, a tripulação solicitou por várias vezes indicação de rumo para amarar o avião no mar”, mas não conseguiu manter os rumos desejados.
“Durante as atividades de manutenção [na OGMA], foi gerada uma mensagem de 'FLT CTRL NO DISPATCH' [mensagem de erro], que, por sua vez, originou um conjunto de atividades de pesquisa de anomalias adicionais pelo prestador de serviços de manutenção, com suporte do fabricante da aeronave. Estas atividades, que decorreram durante 11 dias, não identificaram a inversão dos cabos dos 'ailerons', nem tal foi relacionada com a mensagem de 'FLT CTRL NO DISPATCH'”, indica o documento na parte “das constatações preliminares relevantes”.
Os investigadores do GPIAAF constataram ainda a existência de incumprimentos pela OGMA em diversos níveis de controlo, que deviam avaliar e analisar os trabalhos de manutenção executados e detetar anomalias.
“Do trabalho de investigação desenvolvido até ao momento, resultou também a identificação de desvios aos procedimentos internos por parte do prestador de serviços de manutenção, que levaram a que o erro não fosse detetado nas diversas barreiras de segurança desenhadas pelos reguladores, pela indústria de manutenção aeronáutica e no próprio sistema implementado no prestador de serviços de manutenção”, sublinha o mesmo organismo.
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