“A situação é absolutamente insustentável”, disse Laura Lanuza à agência Associated Press.
“Há ansiedade, episódios de violência, o controlo da situação é cada vez mais difícil. Iniciar uma viagem de seis dias com estas pessoas a bordo, que estão no limite das suas possibilidades, seria uma loucura. Não podemos pôr a saúde e a vida delas em risco”, disse.
O fundador da ONG, Óscar Camps, divulgou uma mensagem no Twitter no mesmo sentido.
“Depois de 26 dias de missão, 17 dias de espera com 134 pessoas a bordo, uma resolução judicial a favor e 6 países dispostos a acolher, querem que naveguemos 950 milhas, uns 5 dias mais, até ao porto mais distante do Mediterrâneo, com uma situação insustentável a bordo?”, questionou.
Horas antes, Camps colocou um vídeo no Twitter mostrando que alguns dos migrantes se lançaram hoje ao mar, para tentar chegar a Lampedusa a nado, sendo salvos por socorristas.
“Estamos a avisar há dias, o desespero tem limites. Lançam-se ao mar e os socorristas tentam pará-los”, escreveu.
Segundo a ONG, quatro migrantes lançaram-se hoje ao mar.
O Governo de Espanha propôs hoje receber o navio humanitário “Open Arms” em Algeciras (sul) face “à inconcebível” recusa de Itália em autorizar o desembarque dos 107 migrantes resgatados do mar há 17 dias.
“A inconcebível resposta das autoridade italianas, e em concreto do ministro do Interior, Matteo Salvini, de fechar todos os seus portos, e as dificuldades expostas por outros países do Mediterrâneo central, levaram Espanha a liderar mais uma vez a resposta a uma crise humanitária”, acrescenta.
O “Open Arms” está ao largo da ilha italiana de Lampedusa desde 01 de agosto, quando resgatou 147 migrantes do Mar Mediterrâneo, ao largo da Líbia, mas os dois países mais próximos, Itália e Malta, recusara-lhe o acesso aos seus portos.
Atualmente, estão 107 migrantes e 19 voluntários a bordo, depois de, no sábado, a Itália ter autorizado a retirada de 27 menores não-acompanhados e de várias operações para retirar do navio pessoas a precisar de assistência médica urgente.
Apesar de, na quinta-feira, seis países europeus — Portugal, Espanha, Alemanha, França, Luxemburgo e Roménia — se terem oferecido para receber os migrantes a bordo do navio humanitário, o “Open Arms” continua sem autorização de Salvini para aportar.
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