À margem de um almoço de apoio ao candidato do partido à Câmara Municipal de Marco de Canaveses, José Mota, Pedro Passos Coelho referiu-se ao relatório dos serviços de informações militares hoje noticiado pelo Expresso sobre o furto de armas em Tancos que, segundo o jornal, "arrasa ministro e militares".
"Não sei se o senhor Presidente da República está a par do que se passa, mas o parlamento não sabe de nada, temos de comprar o Expresso ao sábado para saber o que se passa com o Orçamento, para saber o que passa com os paióis militares, para termos as notícias que o Governo tem a obrigação de prestar ao parlamento?", questionou.
Passos Coelho lembrou que também já pediu publicamente ao governo a divulgação do relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras sobre a alteração à lei da imigração, até agora sem resposta.
"Viram-no? Eu ainda não vi. Este Governo tem tiques de autoritarismo, é este o nome que temos de dar a estes comportamentos", acusou, defendendo que o Governo tem de prestar informação ao parlamento sobre matérias graves como as que citou.
Para o líder social-democrata, "o Governo, a começar no primeiro-ministro e a acabar nos ministros, ocultam informação que têm e pelos vistos ainda dão ralhetes" a deputados no parlamento, referindo-se a uma parte da notícia do Expresso, segundo a qual António Costa teria admoestado os deputados socialistas da Comissão de Defesa por não terem defendido o ministro Azeredo Lopes.
A este propósito, Passos Coelho lamentou que os partidos que apoiam o Governo "se ouçam tão fininho".
"Se tivesse acontecido num governo PSD teria havido uma gritaria enorme. Que diferença, que diferença", lamentou.
Passos Coelho salientou que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, já deu entrevistas, já foi ao parlamento, mas ainda não esclareceu o que se passou com o furto de material de guerra em Tancos há mais de dois meses.
"Numa coisa grave para a segurança do país, da Europa, o ministro ou desconversa ou não diz nada", criticou Passos Coelho, estendendo ao resto do Governo a acusação de "desrespeitar" a Assembleia da República e contrapondo que, quando era ele próprio primeiro-ministro, "ia ao parlamento prestar contas".
Passos Coelho lembrou que a Presidência da República é "um órgão de soberania com um papel relevante em matéria de defesa nacional", questionando se Marcelo Rebelo de Sousa está a par do relatório que deixa "graves acusações quer ao poder político, quer à própria instituição".
O semanário Expresso divulga hoje um relatório dos serviços de informações militares que avança para cenários "muito prováveis" de roubo de armamento em Tancos, a 29 de junho, e deixa duras críticas à atuação do ministro da Defesa Nacional.
Segundo o semanário, o "tráfico de armas para África, em concreto Guiné-Bissau ou Cabo Verde, ou um assalto promovido por mercenários portugueses contratados, ou ainda por grupos jihadistas" são os três cenários apontados no relatório, enviado à Unidade Nacional de Contraterroristas da Polícia Judiciária e aos Serviços de Informação e Segurança (SIS).
O relatório refere que o ministro atuou com grande "ligeireza, quase imprudente", sendo-lhe apontadas "declarações arriscadas e de intenções duvidosas" e uma "atitude de arrogância cínica" na condução de todo o processo.
[Artigo atualizado às 14:35]
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