Em declarações no final de um almoço com militantes comunistas, em Ovar, Aveiro, o líder do PCP respondeu à questão da Lusa afirmando: “quando os governos não querem tomar decisões arranjam sempre maneira de encontrar uma escapatória, isso é uma escapatória”.
Na quinta-feira, o Governo anunciou que o processo de compra, pelo Estado, de 45,7% da agência Lusa, pertencentes à Global Media e à Páginas Civilizadas, falhou por “falta de um consenso político alargado”.
“Qual é a falta de consenso político alargado? O PS tem a maioria absoluta, qual é o problema? Onde é que é preciso o consenso político alargado?”, questionou o dirigente comunista.
E prosseguiu: “ainda há pouco o disse, Orçamento de Estado tem 1,6 milhões de euros para benefícios fiscais. Houve consenso alargado para isso? Não me parece, mas foi decidido, não foi?”
Nesta equação, Paulo Raimundo incluiu também os “200 milhões para as PPP [Parcerias Púbico Privadas] mais os oito milhões de euros para transferências do Serviço Nacional de Saúde para o setor privado do negócio da doença”, como exemplos de como o PS decidiu sem precisar de consenso político alargado.
“Isso é uma falsa questão. O Governo devia era ter aproveitado a oportunidade que está aberta e, de uma vez por todas, adquirir aquilo que está em venda, lá está, para tornar a agência Lusa aquilo que achamos deve ser, uma agência noticiosa ao serviço do país, ao serviço da informação, e que deve ser pública”, assinalou o dirigente do PCP.
Em final de conversa, Paulo Raimundo pediu para “abrir um parêntesis” para dizer que isto “é o fim da picada”, lembrando a admissão do primeiro-ministro na sexta-feira “do lançamento em janeiro da rede TGV”, situação que o PCP concorda e, depois, “sobre a Lusa… o que é um gajo há de dizer?”.
No comunicado do Ministério da Cultura, intitulado “Estado não adquire participações sociais na Lusa” lê-se: “no momento atual, não existindo um consenso político alargado, a operação revelou-se inviável”.
No mesmo texto, o ministério afirma que “caberá ao próximo Governo assumir as suas responsabilidades e encontrar uma solução que garanta o salutar pluralismo, independência e salvaguarda do serviço público prestado pela Lusa - essencial para o conjunto da comunicação social”.
Nas “circunstâncias da atual situação política”, o Governo considera, no comunicado, que não tem condições de tomar esta decisão.
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