“O ataque ocorreu durante a noite de sábado para domingo e infelizmente perdemos seis civis”, disse Augustin Kapupa, funcionário administrativo em Matembo, na entrada norte de Beni, onde ocorreu a primeira parte do ataque.
Este funcionário falou com a agência de notícias France-Presse (AFP) e tal como outras pessoas entrevistadas atribui este assassinato ao ADF, grupo armado que opera no Uganda e na República Democrática do Congo (RDC), e que tem ligações ao Estado Islâmico.
“Depois de as forças do ADF terem matado em Matembo, vieram ter connosco em Sayo e, após a sua passagem, lamentamos a morte de cinco pessoas”, explicou Antoine Kambale, responsável local em Sayo.
Makofi Bukuku, uma figura notável no território de Beni, disse hoje que, “para Sayo, ainda não há uma avaliação definitiva, porque o inimigo continua a cruzar a área”.
“Não compreendemos porque é que a segurança não está garantida na nossa zona quando existem as FARDC (Forças Armadas da RDC), as UPDF (militares do Uganda, destacados em apoio ao exército congolês contra o ADF desde 2021) e a MONUSCO (missão de manutenção da paz da Organização das Nações Unidas na RDC)”, queixou-se Bukuku, em declarações à AFP.
“Desde o início do ano, registamos apenas mortes e sequestros. Em menos de três meses, foram mais de 180 vítimas”, indicou o representante da cidade de Beni.
O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico, que reconhece o ADF como sua filial na África Central.
“Condenamos esta incursão e apelamos ao nosso exército para que redobre os seus esforços para bloquear o caminho destes inimigos da paz”, declarou Germain Kathemika, responsável da sociedade civil em Matembo.
Germain Kathemika disse que “há mais de três semanas que a população alerta as autoridades sobre a presença inimiga na zona, mas até então não houve qualquer intervenção”.
Contactado pela agência AFP, o exército da RDC não conseguiu comunicar sobre este duplo ataque.
O grupo rebelde ADF foi criado desde meados da década de 1990 no leste da RDC, onde matou milhares de civis.
No final de 2021, os exércitos do Uganda e da RDC lançaram uma operação militar conjunta contra o ADF, designada de “Shujaa”, sem ter conseguido até agora pôr fim aos seus abusos.
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