Uma mulher de 77 anos faleceu na passada segunda-feira no seguimento do corte de eletricidade generalizado, em Portugal e Espanha, uma vez que dependia de ventilação mecânica para sobreviver. A notícia foi avançada pela RTP, qie cita a família a relatar que a mulher, que estava ventilada em casa, morreu no dia do apagão, alegando que a morte se deveu à falta de energia.

Na quinta-feira, o Ministério da Saúde anunciou que tinha ordenado uma averiguação às circunstâncias da morte, para perceber a sua relação com o apagão.

“Tendo tido o Ministério da Saúde conhecimento, esta quinta-feira, dia 01 de maio, de uma eventual vítima causada pelo corte de energia no passado dia 28 de abril, a ministra da Saúde decidiu pedir uma auditoria à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) para o esclarecimento cabal deste caso”, referiu o ministério, numa breve nota enviada às redações.

Numa outra nota, o ministério indicou que de acordo com informações prestadas ao gabinete da ministra da Saúde pelo INEM, a vítima é uma mulher de 77 anos, “com várias comorbilidades e que se encontrava no seu domicílio”.

O ministério tutelado por Ana Paula Martins especificou que “o pedido de socorro para o 112 foi recebido às 15h52” e “o acionamento da Viatura de Emergência Médica (VMER) foi efetuado 5 minutos após a realização de uma triagem clínica”.

“Foi, também, enviada uma ambulância. O óbito foi declarado pela equipa da VMER”, mencionou ainda a nota informativa.

Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista, lamentou a morte e reforçou que é preciso esperar pelos resultados da auditoria pedida pela ministra da Saúde.

No entanto, questiona: “Mas há uma coisa que a senhora ministra nos podia dizer já, que é: Porquê que é que o INEM, que, obviamente, tem conhecimento deste falecimento na segunda-feira, só comunicou ontem [quinta-feira] este acontecimento muito infeliz?”

O deputado aludiu a outras investigações pedidas pelo Governo, dando como exemplos as auditorias solicitadas ao caso das mortes ocorridas no dia da greve do INEM e ao número de alunos sem professor, também sem resposta. “Passados estes meses todos, ainda não temos os resultados dessas auditorias”, salientou.

Voltando ao caso da morte da mulher alegadamente em consequência do apagão, o candidato socialista a primeiro-ministro insistiu que “é importante que esta investigação produza resultados com rapidez” para se avaliar as responsabilidades.

“Não pode acontecer um governo, em cada momento difícil, com notícias muito tristes, anuncie uma investigação e, depois, esteja meses sem apresentar esses resultados”, acrescentou.

É preciso antecipar as emergências

Na mesma linha, a Associação Nacional dos Técnicos de Emergência de Médica (ANTEM) questionou a falta de capacidade de resposta para estes casos e exigiu mais informações.

“Quem deveria ter garantido essa mesma redundância em caso de falha prolongada do abastecimento de eletricidade? Existe acompanhamento e supervisão que garantam que todos os cidadãos dependentes deste tipo de equipamentos tenham planos de contingência funcionais?”, questiona a ANTEM, numa nota hoje divulgada.

No comunicado hoje divulgado, a ANTEM pede “o cabal esclarecimento de todas as circunstâncias que levaram a este desfecho trágico” e questiona, caso se confirme o relato dos familiares da vítima, “como é possível que o sistema de comunicações de emergência nacional falhe novamente num momento crítico”.

“Uma vez mais fica patente que é precisamente nos primeiros minutos de uma emergência que a ação é decisiva”, diz a ANTEM, lembrando que os bombeiros são, na esmagadora maioria dos casos, os primeiros a chegar ao local e, por isso, “necessitam urgentemente de mais educação em medicina pré-hospitalar e de mais capacidade de intervenção clínica”.

A ANTEM recorda que tem alertado diversas vezes para esta lacuna e apontado soluções e considera que os decisores políticos “continuam a evitar uma resposta séria e eficaz para esta deficiência”.

Outra questão que, segundo a ANTEM, deveria ser esclarecida é o tempo de chegada da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMRT), que “segundo o próprio INEM demorou quase 40 minutos a chegar ao local”.

“Esta demora exige uma investigação e o apuramento de todos os factos”, acrescenta a associação, que diz esperar que este caso “não seja mais um a cair no esquecimento, com responsabilidades diluídas ou empurradas para os próprios cidadãos”.