Este é um objetivo proposto no Programa Europeu de Luta Contra o Cancro que José Dinis considera poder ser conseguido antes de 2025 “tomando como referência os resultados obtidos em 2019, bem como o alargamento do rastreio a toda a região de Lisboa e Vale do Tejo em 2022”.
“No rastreio do cancro do colo do útero, estima-se um défice de cerca de 200 mil convites [para rastreio] por ano. Considerando que se trata de um rastreio centrado exclusivamente na atividade do médico de família e a estabilidade do défice entre 2016 e 2019, será necessário explorar mecanismos adicionais para garantir o sucesso em 2025”, disse José Dinis numa sessão online de apresentação dos Resultados dos Rastreios Oncológicos de Base Populacional 2019 e 2020, no âmbito do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro.
No rastreio do cancro do cólon e reto, é estimado um défice de cerca de 900 mil convites por ano, com o diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas a considerar que “é o único rastreio cuja população elegível inclui homens e mulheres pelo que é o programa com maior população a rastrear por ano”, enquanto para o cancro da mama será necessário realizar cerca de 120 mil convocações por ano.
Em declarações à agência Lusa, José Dinis afirmou que este é “o desafio de Portugal, e de todos os países europeus em que cada um segue a diferentes velocidades, para o qual a Europa contribuirá com fundos para o reforço dos programas”, estando já previsto no Plano de Recuperação e Resiliência.
José Dinis adiantou que os países devem estabelecer políticas nacionais alinhadas com as políticas europeias para atingir os objetivos propostos que serão objeto de monitorização europeia e que em Portugal já estão a ser analisadas estratégias para incentivar mais pessoas a aderirem ao rastreio, nomeadamente as que são acompanhadas fora do Serviço Nacional de Saúde.
Na apresentação dos Resultados dos Rastreios Oncológicos, José Dinis salientou “a recuperação acentuada em 2021” da atividade de rastreio do cancro da mama, comprovada pelo aumento do número de convites e do número das mulheres rastreadas, recuperando o padrão de subida que se vinha notando desde 2016.
“Se analisarmos a evolução do rastreio entre 2019 e 2021 nas cinco regiões de saúde é muito nítida a recuperação da atividade do rastreio, que diminuiu em 2020 como consequência da pandemia, e na região Norte foi ainda afetada por problemas administrativos, entretanto já resolvidos”, afirmou.
Salientou “o marcado aumento da atividade” em Lisboa e Vale do Tejo, explicando que se deveu ao alargamento do rastreio do cancro da mama a esta região, que se prevê estar concluído este ano.
Relativamente ao rastreio do cancro do colo do útero, também se verificou recuperação de atividade para níveis de 2019, ano pré-pandemia.
“É importante salientar que o convite para participar neste rastreio está dependente da intervenção do médico de família, significando isso que quem não frequenta a unidade de saúde não é convidada”, advertiu José Dinis.
Também no rastreio do cancro do cólon e reto se verificou recuperação da atividade em 2021, com níveis da população convidada semelhantes a 2019.
“Na análise regional, constata-se que o rastreio do cólon e reto está esmagadoramente implementado na Região Norte”, disse o diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, defendendo ser prioritário “resolver a assimetria”.
O Alentejo retomou este programa de rastreio que estava parado desde 2019 e nas restantes regiões ainda não se alcançaram os níveis obtidos em 2019, salientou.
Presente na iniciativa, a diretora-geral da Saúde defendeu que os rastreios oncológicos de base populacional “terão de ser melhorados, reforçados e acessíveis a toda a população” para cumprir o plano europeu.
“Temos um grande desafio pela frente pelo que é importante a colaboração de todos para que Portugal no final de 2025 seja mais uma vez um exemplo para a Europa como já o é nas coberturas vacinais contra o HPV, contra a hepatite B e contra a covid-19”, salientou Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde recordou que as doenças oncológicas são a principal causa de morte prematura sendo responsáveis por mais de 100 mil anos potenciais de vida perdidos” e disse que o número de anos de vida perdidos devido a doenças oncológicas são “oito vezes mais do que o número que é atribuído à infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), duas vezes e meia mais do que o risco atribuído ao consumo de álcool e uma vez e meia superior ao atribuído às doenças cardiovasculares”.
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