“Os alunos da ilha do Corvo são os únicos da região a quem não são ministradas refeições escolares devido à postura abertamente discriminatória – e odiosa – do secretário Regional da Educação e Cultura”, declarou Paulo Estevão, em conferência de imprensa realizada em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
Para o também líder do PPM nos Açores, o Governo Regional “pratica abertamente, e sem qualquer escrúpulo moral, uma discriminação ignóbil em relação às crianças do Corvo”.
“Existe alguma razão plausível para que estas não possam beneficiar de um apoio previsto para todos? É aceitável que o Governo vista a pele de carrasco para discriminar certas crianças nos Açores apenas por viverem na ilha errada? Por viverem numa ilha a quem o Governo dos Açores reconhece menos direitos?”
Em setembro, no parlamento dos Açores, o deputado do PPM anunciou, na apresentação de um projeto de resolução, uma campanha pela construção de um refeitório na escola básica e secundária do Corvo, medida que reivindica há vários anos.
Em julho, também no parlamento regional, o titular da pasta da Educação reiterou que os alunos do Corvo deverão ter acesso a refeições preparadas e servidas pela Misericórdia local “no início do próximo ano letivo”.
Paulo Estevão recorda que avançou com uma proposta, na legislatura anterior, de construção de uma cozinha e refeitório escolar na Escola Básica e Secundária Mouzinho da Silveira que permitiria servir refeições aos cerca de 70 membros que compõem a comunidade escolar do Corvo, afirmando que esta foi inviabilizada para que o executivo açoriano “ganhasse tempo”.
O parlamentar referiu que teve segunda-feira conhecimento que o estabelecimento de ensino remeteu convites, com o respetivo caderno de encargos, a cinco empresas e instituições da ilha e do exterior, incluindo a Santa Casa da Misericórdia do Corvo, não tendo nenhuma manifestado o “menor interesse”.
“Nesta questão, o Governo Regional, de uma forma calculista e moralmente infame, só quis ganhar tempo, um tempo que significa, para os alunos do Corvo, mais um ano escolar sem refeições”, afirmou.
Paulo Estevão admite recorrer a “medidas drásticas” que passam por uma “luta cívica” e recurso a várias figuras nacionais, entre as quais o Presidente da República, podendo ainda recorrer para a Justiça.
Em declarações à agência Lusa, em São Jorge, ilha onde o Governo Regional se encontra em visita oficial, o secretário Regional da Educação e Cultura, Avelino Meneses, remeteu explicações sobre esta matéria para a próxima semana.
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