“É um curso que visa providenciar os conhecimentos básicos, mas essenciais, aos polícias que lidam mais diretamente com as vítimas. Estamos a falar dos polícias que estão nas esquadras a receber queixas, que estão a patrulhar e são chamados para ocorrências […], os da primeira linha”, disse à Lusa Sónia Martins, que está a encabeçar a equipa do projeto eFirst.
Sónia Martins faz parte do Gabinete Cibercrime da Polícia de Segurança Pública (PSP), pelo tem o olhar mais apurado quando tem de procurar indícios de criminalidade eletrónica ou perceber que há elementos que podem ser remotamente comprometidos, deixando de ser prova admissível em tribunal.
Mas os agentes de “primeira linha” carecem desse conhecimento e para que os criminosos não escapem à polícia, o eFirst, projeto lançado em 2013, foi agora reenquadrado para tentar acompanhar a sofisticação tecnológica do crime.
“É obrigação das instituições dar esta formação aos polícias porque eles, para poderem fazer trabalho com melhor qualidade ou darem resposta a este tipo de criminalidade, têm de estar em constante evolução. As tecnologias também estão sempre a evoluir”, acrescentou.
“Nós sabemos que neste tipo de criminalidade se [a prova] não for recolhida no imediato, pode perder-se e depois não temos uma segunda oportunidade de a recolher pronto”, completou.
Questionada pela Lusa sobre em que é que se traduz este curso de maneira prática, Sónia Martins deu um exemplo prático.
“Hoje em dia está tudo conectado. Os aparelhos eletrónicos são conectados uns com os outros e é muito simples […] um suspeito pode conseguir remotamente ou no momento, com apenas com um clique, impedir o acesso à informação, por exemplo, a um computador”, sustentou.
E quando os agentes são chamados para ajudar em buscas domiciliárias “é importante que os polícias consigam identificar a que tipo de aparelhos ou sinais podem estar relacionados com a utilização de criptomoedas”, complementou, esclarecendo, no caso em concreto, que podem ser “senhas que são escritas em papel e que têm um determinado formato” ou até “uma pen”.
Mas a instrução dada não se esgota no cibercrime: “Isto pode ser [utilizado] numa situação de buscas, por exemplo, de tráfico de droga”.
O objetivo é que todos os países “falem a mesma língua no que toca ao combate ao cibercrime”.
Para o futuro, Sónia Martins referiu que seria necessário incluir procuradores e magistrados.
“Em última instância, eles é que são os donos das investigações, a polícia coopera com os magistrados e com os procuradores, portanto, é importante falarmos todos a mesma língua”, admitiu.
A plataforma, lançada hoje na versão 2.0, está disponível para já apenas em inglês, mas vai ser replicada para incluir as línguas de todos os países participantes.
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