Estas críticas foram feitas pelo vice-presidente da bancada social-democrata Paulo Rios de Oliveira na primeira intervenção do PSD quando o debate da moção de censura do Chega ao Governo já decorria há mais de uma hora e meia.
Paulo Rios de Oliveira justificou imediatamente a razão do prolongado silêncio do seu partido neste debate: “O PSD não quis contribuir para o enorme frete que o Chega prestou ao Governo”.
“Vou falar-vos da outra oposição: A séria, a credível e alternativa, porque não temos dúvidas o nosso adversário é o PS. A nossa ambição não é liderar a oposição mas a governação”, contrapôs.
Na parte final do seu discurso, Paulo Rios de Oliveira voltou à carga contra o Chega, dizendo que o parlamento “não merece que se brinque às figuras regimentais — e para ofuscar o congresso do PSD se lance mão da figura da moção de censura, fingindo pretender provocar a queda do Governo”.
“Esta iniciativa dá palco mediático mas não qualifica nem credibiliza o Chega, que vai ao ponto de infantilizar esta Assembleia da República, convocando de um dia para o outro jornadas parlamentares para impedir a normal eleição da nova direção do Grupo Parlamentar do PSD. Até podia ser divertido, se tivesse graça”, comentou o dirigente da direção cessante da bancada social-democrata.
Paulo Rios de Oliveira traçou depois várias linhas de demarcação face ao partido liderado por André Ventura, realçando que o PSD nunca será campeão das moções de censura.
“Não pedimos as demissões de ministros todas as semanas, não nos arrogamos donos da palavra vergonha, nem assumiremos atitudes de forcado numa qualquer tourada parlamentar. Se o Governo merece censura, também censura nos merece o Chega com esta iniciativa”, rematou o dirigente do PSD.
Paulo Rios de Oliveira fez uma crítica cerrada ao atual Governo, praticamente desde a sua posse, mas escolheu sobretudo como alvos o primeiro-ministro, António Costa, e o seu ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, por causa da crise provocada quando este último avançou com uma solução aeroportuária para a região de Lisboa sem aparente prévia concertação com o seu executivo.
“O ministro afrontou o primeiro-ministro, desrespeitou o Presidente da República reiteradamente, apoucou o líder da oposição [Luís Montenegro] e, não contente, não se demite e arrasta-se num “Perdoa-me” televisivo, constrangedor, sob a desculpa de ligeiro erro de comunicação. Se traição inacreditável passar a ser designada como erro de comunicação lamentável, então vamos conseguir evitar inúmeros divórcios em Portugal”, disse, aqui numa nota de humor.
Em relação a António Costa, o “vice” da bancada do PSD considerou que não se sai melhor nessa fotografia.
“Se sabia do que se preparava, Portugal é um circo mas os palhaços não somos nós. Mas, mesmo sendo o último a saber, foi com requintes de malvadez que permitiu que o ministro [Pedro Nuno Santos] se desfizesse em justificações, qual delas a mais obtusa, para, no final — e com o ministro sem qualquer margem de recuo — ordenar a revogação do despacho”, disse.
A seguir, de acordo com Paulo Rios de Oliveira, depois da revogação do despacho sobre os novos aeroportos “e da afirmação da autoridade de primeiro-ministro”, afinal, António Costa “também recuou e o ministro ficou”.
“Até chegam a dizer que são amigos”, assinalou.
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