Peixoto Rodrigues estava em greve de fome há quatro dias em frente ao Palácio de Belém em defesa dos profissionais da polícia e para exigir garantias do Governo em resposta a várias reivindicações.
Ao longo dos dias, o dirigente sindical foi apresentando “sinais de cansaço” e, na sexta-feira, ao final do dia, começou a sentir alguma fraqueza nas pernas, mas quis permanecer no local, relatou à agência Lusa o presidente da Federação Nacional dos Sindicatos da Polícia (Fenpol), Pedro Magrinho.
“Ao longo da noite começou a ficar com bastantes dores de cabeça, muita sonolência e uma aparente descoordenação da fala. Isto criou alguns alertas perante os elementos que o acompanhavam no local e decidiu-se chamar o 112 para perceber se a sintomatologia estaria associada ao facto de ele não estar a ingerir alimentos sólidos”, adiantou o dirigente sindical.
O INEM deslocou-se ao local, tendo sido aconselhada a sua ida para uma unidade hospitalar para fazer um conjunto de exames, continuou Pedro Marinho, que ainda não tinha informação sobre se Ernesto Peixoto Rodrigues já tinha tido alta hospitalar.
O dirigente sindical adiantou que, com a ida de Peixoto Rodrigues para o hospital, os elementos que o acompanhavam decidiram “levantar todo o material que estava no local para tentar desta forma que não continuasse a colocar a sua própria saúde em risco”.
“Ao tirarmos o nosso apoio do local também seria uma forma do Peixoto Rodrigues perceber que as coisas têm algumas limitações e não basta ele querer continuar, tem que perceber que os colegas não querem que ele continue, porque esta não será a forma de continuar atrás dos direitos dos polícias beliscando a própria integridade física”, salientou.
Pedro Magrinho adiantou que durante os quatro dias de protesto “a única entidade” que tentou perceber as motivações de Peixoto Rodrigues foi a Presidência da República, através de duas assessoras que ouviram as razões que o levaram a fazer o protesto.
De resto, lamentou que não haja uma palavra do Presidente da República, nem do ministro da Administração Interna, do primeiro-ministro ou do diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP).
No dia em que iniciou a greve, Peixoto Rodrigues disse à Lusa que só havia duas formas para terminar a greve de fome ou “abstenção à ingestão de alimentos sólidos”: ter “garantias da tutela para resolução” das reivindicações dos profissionais ou “ter problemas de saúde e ter de ser hospitalizado”.
Os profissionais contestam o incumprimento de uma decisão do Supremo Tribunal Administrativo que condenou o Estado a pagar os suplementos remuneratórios desde 2010 durante os períodos de férias.
Outra das exigências é o aumento imediato do suplemento por serviço nas forças de segurança, bem como a indexação dos suplementos de serviço, partilha, turno, piquete e comando à remuneração principal de cada elemento policial.
A Fenpol quer ainda a “revisão imediata” do fator de sustentabilidade aplicado aos profissionais da PSP que se aposentaram em 2014 e 2015, que causou uma perda do valor da pensão de aposentação.
Os profissionais também contestam a existência de dois subsistemas (Caixa Geral de Aposentações e Segurança Social) consoante os elementos da PSP foram incorporados até final de 2005 ou a partir de 2016, o que impõe regras distintas aos profissionais.
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