"Não sei quando vou vê-lo (…) Não falo com ele há mais de quatro anos, mas estou preparado para isso, claro", disse o presidente na sua conferência de imprensa de final de ano.

"E também estarei pronto para uma reunião, se ele quiser", acrescentou o líder de 72 anos.

Desde que Putin chegou ao poder, há 25 anos, esta sessão de perguntas e respostas tem acontecido quase todos os anos, em vários formatos.

É transmitido em direto pela televisão e assistido por milhões de pessoas. Desta vez, foi organizado um mês antes do retorno de Donald Trump à Casa Branca, a 20 de janeiro.

O republicano prometeu na sua campanha eleitoral pôr fim rapidamente ao conflito e apelou a um "cessar-fogo imediato" e ao diálogo.

Mas os europeus e os ucranianos temem que Trump possa forçar Kiev a fazer grandes concessões e entregar uma vitória geopolítica ao Kremlin.

Putin considerou que a Rússia se tornou "muito mais forte nos últimos dois ou três anos".

"Duelo" com o Ocidente

Vladimir Putin mostrou-se confiante, considerando que a situação está "a mudar radicalmente" na linha de frente da Ucrânia, onde os seus soldados avançam por "quilómetros quadrados". A suas tropas ganham terreno a um ritmo nunca visto desde o início de 2022.

O Exército russo tomou as cidades ucranianas de Avdiivka em fevereiro e Vugledar em outubro, e está às portas de várias cidades de importância militar, como Pokrovsk, Kurakhove e Kupiansk.

Putin admitiu que não pode dar uma "data precisa" de quando o seu Exército conseguirá expulsar as forças ucranianas da região russa de Kursk, à qual controlam uma pequena parte desde agosto, graças a uma ofensiva surpresa. "É claro que vamos derrotá-los", garantiu.

Esta ofensiva, a maior em território russo desde a Segunda Guerra Mundial, causa desconforto no Kremlin, que quer convencer a população de que a ofensiva na Ucrânia não tem impacto no quotidiano dos russos.

Os ucranianos ocupam centenas de quilómetros quadrados em Kursk, apesar das tentativas de expulsá-los por parte das tropas russas, que seriam apoiadas, segundo Kiev, por soldados norte-coreanos.

Putin também elogiou o novo míssil russo Oreshnik, uma "arma moderna" capaz de transportar uma carga nuclear e com um alcance de milhares de quilómetros.

A Rússia utilizou esse míssil pela primeira vez a 21 de novembro, contra a cidade ucraniana de Dnipro, em resposta, segundo Putin, aos bombardeamentos ucranianos em território russo com mísseis americanos e britânicos.

Esta quinta-feira, o presidente desafiou o Ocidente para um "duelo de alta tecnologia do século XXI" entre o míssil Oreshnik e os meios de defesa antiaérea ocidentais.

"Deixem-nos determinar um alvo, por exemplo, Kiev", disse Putin. "Vamos lançar um bombardeamento lá e ver o que acontece."

Inflação, um "sinal preocupante"

O presidente russo afirmou que a queda do líder sírio Bashar al Assad, aliado de Moscovo, não constitui uma "derrota" para a Rússia.

A Rússia enviou tropas para a Síria em 2015, em plena guerra civil, em apoio ao presidente Assad, e alcançou o seu "objetivo", segundo Putin, que era "impedir a formação de um enclave terrorista".

Putin afirmou que tem "intenção" de se encontrar com Assad, que se refugiou na Rússia com a sua família.

Na frente económica, alegou que a situação é "estável, apesar das ameaças externas" e citou as baixas taxas de desemprego e o crescimento industrial.

No entanto, admitiu que a inflação é um "sinal preocupante" e que a alta dos preços de alimentos como a carne e a manteiga é "desagradável".