Dos 850.000 rohingya que vivem nos campos de Cox’s Bazar, no Bangladesh, cerca de 18.000 foram colocados a partir de dezembro na ilha de Bhashan Char, localizada na baía de Bengala, pelas autoridades bengalis.
Cerca de 80.000 outros serão transferidos para a ilha em breve, disse um porta-voz do gabinete da primeira-ministra bengali, Sheikh Hasina, à agência de notícias AFP.
Num relatório, de 58 páginas baseado nos testemunhos de 167 refugiados em Bhashan Char, a Human Rights Watch afirmou que os rohingya foram deslocados “sem consentimento completo e informado” e já não podem deixar a ilha.
Muitos dizem temer os ventos e inundações provocados pelas monções, que começam em junho e ameaçam atingir a ilha de baixa altitude, acrescentou HRW, organização não-governamental (ONG) com sede em Nova Iorque.
Vários milhares de refugiados desta minoria muçulmana fugiram em 2017 de Myanmar (ex-Birmânia), onde uma ofensiva militar foi lançada contra estas populações com “intenção genocida”, de acordo com as descobertas de investigadores da ONU.
A este respeito, a HRW reconheceu que o Bangladesh foi “generoso e compassivo” ao recebê-los, mas sublinhou que os seus direitos devem ser respeitados.
“O Governo de Bangladesh está a lutar para lidar com mais de um milhão de refugiados rohingya, mas forçar as pessoas a irem para uma ilha remota só cria novos problemas”, disse Bill Frelick, diretor de direitos dos migrantes e refugiados da HRW, no comunicado.
“Os doadores internacionais deveriam ajudar os rohingyas, mas também insistir que o Bangladesh devolva os refugiados que desejam retornar ao continente ou se os especialistas acreditarem que as condições na ilha são muito perigosas ou insustentáveis”, acrescentou Frelick.
O Governo do Bangladesh insistiu que o realojamento foi voluntário, sublinhando que a ilha é imune a ciclones e que as suas instalações são muito melhores do que as dos campos de Cox’s Bazar.
“Quaisquer que sejam os nossos recursos, tentamos fornecer a melhor assistência a essas pessoas”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Bangladesh, A.K. Abdul Momen, à AFP, em reação ao relatório da HRW.
“As suas nações são muito desenvolvidas (…). Se sentem tanta simpatia, que os levem para os seus países”, declarou o ministro.
“Lamento não poder oferecer instalações melhores, não somos um país rico. Não podemos dar-nos ao luxo de fazer mais”, sublinhou Momen.
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