Carlos e a rainha Camila vão ser recebidos pela primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, no aeroporto de Paris-Orly, e depois dirigir-se ao centro da cidade para uma cerimónia no Arco do Triunfo, junto ao presidente, Emmanuel Macron e da esposa, Brigitte.
No local serão tocados os hinos das duas nações, feita uma revista às tropas francesas e colocada uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido para “assinalar os sacrifícios partilhados do passado e um legado duradouro de cooperação”, segundo o Palácio de Buckingham.
Caças a jato da Patrouille de France e dos Red Arrows britânicos, as equipas acrobáticas das forças aéreas dos dois países, vão sobrevoar o monumento.
De acordo com o programa, os chefes de Estado seguirão depois de automóvel pela avenida dos Campos Elísios até ao Palácio presidencial do Eliseu.
Macron e Carlos terão então um encontro bilateral, com o ambiente, a guerra na Ucrânia e as migrações na agenda.
A deslocação acontece seis meses depois de ter sido adiada devido à contestação social violenta às reformas das pensões em França, viagem que teria sido a primeira do sucessor de Isabel II ao estrangeiro.
“Todas as visitas reais a França são relevantes dada a importância e a delicadeza das relações franco-britânicas ao longo de muitos séculos. Daí a intenção original de esta ser a primeira visita de Estado de Carlos III – o adiamento foi uma humilhação para a França e para o Presidente Macron”, afirmou à Agência Lusa o historiador Robert Tombs, professor na Universidade de Cambridge.
A visita faz parte de uma recente reaproximação das relações franco-britânicas, após anos marcados por negociações tensas sobre o Brexit e pela afronta resultante da aliança AUKUS, que levou a Austrália a trocar a compra de submarinos franceses por britânicos.
Numa cimeira bilateral realizada em março, Macron e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, concordaram em reforçar os laços militares e em intensificar esforços para impedir que migrantes atravessem o Canal da Mancha.
“A visita real, como muitas visitas reais, tentará mostrar a relação como ela deveria ser, e não como ela é. As visitas reais simbolizam uma relação de longo prazo e não têm necessariamente muita influência em questões políticas de curto prazo”, referiu Tombs à Lusa.
A deslocação pode, mesmo assim, “ter efeitos importantes para dramatizar e, por vezes, encorajar mudanças que já estavam a acontecer”.
O especialista em relações anglo-francesas recordou que o acordo da Entente Cordiale em 1904 foi facilitado pela visita do Rei Eduardo VII a França no ano anterior.
O historiador vincou ainda que “a família real fascina muitas pessoas em França e esta visita será dirigida ao público em geral e não aos políticos, vai tentar recordar ao povo francês as coisas que temos em comum”.
Embora a família real do Reino Unido tenha cedido há muito tempo o poder político aos líderes eleitos do país, a monarquia continua a ser a principal embaixadora no estrangeiro graças à pompa e carisma que projetam.
Um banquete de Estado na quarta-feira, no Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes, na presença de mais de 150 convidados, será um dos pontos altos da visita.
Na quinta-feira, vai Carlos vai discursar perante os parlamentares franceses no Senado, e depois juntar-se a Macron junto à Catedral de Notre-Dame para ver os trabalhos de renovação em curso com o objetivo de reabrir o edifício até ao final do próximo ano.
O Rei terminará a viagem na sexta-feira com uma paragem em Bordéus, onde vai encontrar-se com pessoas afetadas pelos incêndios florestais de 2022 na região e visitar a Forêt Experimentale, um projeto concebido para monitorizar o impacto do clima nas florestas urbanas, e uma vinha pioneira numa abordagem sustentável da produção de vinho.
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