"Decorridos dois dias após a assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo, em vários pontos do país, registam-se atos de violência e intolerância política", disse o porta-voz da Renamo, José Manteigas, em conferência de imprensa hoje em Maputo.
A oposição moçambicana acusa a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, a Polícia da República de Moçambique (PRM) e a polícia comunitária de praticarem ações de violência e intolerância política.
José Manteigas apontou quatro casos que ocorreram nas províncias de Tete e Zambézia, no centro, e Inhambane e Gaza, na zona sul.
"Em Tete, no povoado de Maflaucha, na calada da noite, foram queimadas as casas e outros bens pertencentes aos cidadãos Marcos Cangachipe Chissassa, Johane Langitoni Jovuyabema e José Ailaqui, todos membros da Renamo", declarou o porta-voz.
No dia 8 de agosto de 2019, no distrito de Morrumbala, província da Zambézia, agentes da PRM e membros da polícia comunitária "violentaram e espancaram" membros e simpatizantes da Renamo, que aguardavam a chegada de uma brigada provincial, referiu Manteigas.
Para a Renamo, tais atos violam e colocam em causa o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado no dia 6 de agosto.
"Os moçambicanos começam a questionar a eficácia dos acordos e o compromisso da boa fé, pois, se antes das eleições há este tipo de comportamento, o que acontecerá durante a campanha eleitoral e no dia de votação?", questionou o porta-voz da Renamo.
A Renamo apelou aos moçambicanos, à comunidade internacional e ao Presidente da República, Filipe Nyusi, para que condenem todas as manifestações que coloquem em causa a paz.
"Denunciamos, publicamente, estes atos atentatórios à coabitação política e aproveitamos para exortar o Presidente da República a tomar todas as providências no sentido de pôr fim a essas atitudes", concluiu a Renamo.
O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional foi assinado por Filipe Nyusi e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade.
O pacto é o terceiro entre o Governo da Frelimo e a Renamo.
O primeiro foi assinado em 1992 para pôr termo à guerra civil de 16 anos e o segundo foi rubricado em 2014, após confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, na sequência da recusa do principal partido da oposição em reconhecer os resultados das eleições gerais.
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